Não à guerra: os motivos e as consequências no debate promovido pelo DAP

Lucien Gauthier, dirigente do Partido Operário Independente-POI da França, foi o palestrante no ato-debate “A guerra na Ucrânia e suas consequências na Europa”, promovido pelo Diálogo e Ação Petista na noite desta segunda-feira, 18 de abril, na Quadra dos Bancários, em São Paulo.

O debate, coordenado por Misa Boito, do Comitê Nacional do DAP, contou com as presenças de Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Lula e membro do Comitê Nacional do DAP; Markus Sokol, da Executiva Nacional do PT e também do Comitê Nacional; José Genoino, ex-deputado constituinte; do vereador Eduardo Suplicy; João Batista Gomes, da Executiva Nacional da CUT, e Jonatahan, da Juventude Revolução do PT. A tradução simultânea da fala de Gauthier foi feita por Júlio Turra, do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio-CILI. Aloísio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, e o deputado federal Vicentinho (PT) mandaram mensagens.

Foi uma discussão aprofundada sobre a guerra no coração da Europa, que estava completando 53 dias, suas reais causas e suas consequências, que não se limitam à Europa. Gauthier mostrou como a guerra iniciada por Putin (em defesa dos interesses da oligarquia russa, e não dos legítimos interesses do povo russo) está tendo a participação ativa de todos os imperialismos (EUA, países europeus, Japão, Austrália) e que o foco principal do imperialismo dominante, o estadunidense, é a China. Trata-se de uma disputa acirradíssima por mercados, numa situação de crise aguda do sistema capitalista.

O dirigente do POI explicou que esta guerra não interessa aos povos, e citou os exemplos da resistência na própria Rússia (manifestações contra a guerra, reprimidas), na Itália (recusa dos portuários a embarcar armas da OTAN paea a Ucrânia, na Alemanha (principal central sindical se opõe ao aumento dos gastos militares) e outros países europeus.

Sobre seu próprio país, disse que, apesar de ser autossuficiente em trigo e até exportá-lo, a França também vê o pão encarecer, porque o preço do trigo é definido nas bolsas sediadas nos EUA, o que mostra a irracionalidade do sistema em decomposição.

Gauthier respondeu ainda a cerca de dez perguntas formuladas por escrito pelos presentes. Foi uma oportunidade para esclarecer questões que atravessam as organizações de trabalhadores no Brasil (e no mundo). Duas perguntas abordaram os argumentos de Putin e de seus apoiadores em defesa da agressão militar a Ucrânia. “Qualquer pretexto é válido”, disse ele. “Como é que se defende a Ucrânia destruindo o país e seu povo?”. Sobre o alegado crescimento da extrema-direita na Europa e no mundo, Gauthier disse que o que ocorre de fato é o abalo nas organizações tradicionais dos trabalhadores. Citou as eleições francesas, nas quais o candidato Mélenchon por muito pouco não foi ao segundo turno, e o desabamento do Partido Socialista e do Partido Comunista: “O grito que ecoa hoje ´é ’nem Macron, nem Le Pen’” (os candidatos que disputam o segudo turno no próximo domingo.

Luiz Eduardo Greenhalgh leu a declaração do DAP sobre a guerra, que inclui a palavra de ordem Putin, Biden e OTAN: tirem todos as mãos da Ucrânia!.

Os presentes ao ato-debate receberam ramos de trigo, simbolizando a fartura (em tudo oposto à guerra) e a própria Ucrânia, celeiro da Europa.

Ao final, todos cantaram “A Internacional”, hino dos trabalhadores de todos os países, numa afirmação do caráter internacionalista do DAP.

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