Chamado aos militantes petistas e simpatizantes
As urnas em 2024 acenderam a luz amarela: antes que seja tarde, o PT precisa voltar a dialogar com o povo trabalhador e a juventude!
Organizemo-nos para levar este combate!
As eleições municipais deram um alerta. A situação é grave!
Balanços triunfalistas (“vitória, a base governista ganhou”) como disseram alguns, referindo-se aos partidos de direita, da burguesia, que compõem o governo, ou balanços derrotistas abundantes na mídia (“derrota do PT”), ofuscam a verdadeira reflexão e discussão.
Tapar o sol com a peneira não evita a insolação.
Nós, do Diálogo e Ação Petista, estivemos na batalha nos primeiro e no segundo turno pelos candidatos do PT, ou por candidatos por ele apoiados, no campo da defesa do povo trabalhador (fizemos campanha por Boulos em São Paulo, mas não para Eduardo Paes no Rio de Janeiro).
Como as centenas de milhares de militantes que levaram o combate, nos colocamos a questão: dois anos de governo Lula, depois da estrondosa vitória de 2022, como chegamos a um resultado aquém das expectativas e avanço da extrema direita?
Na cúpula partidária há quem conclua que precisa ir “mais ao centro”, quer dizer ainda mais à direita! Socorro! Fortalecer MDB, Republicanos, União Brasil, PSD, e até mesmo o PL (com os quais o PT fez alianças em várias cidades), é caminhar para o abismo. Para não cair, é à esquerda que o PT deve ir!
O mundo em que vivemos
Do mundo convulsionado por guerras, vem o grito pelo cessar-fogo em Gaza e no Líbano. Por que o nosso governo tarda em romper as relações diplomáticas com Israel?
Junto à escalada militar, inclusive na Europa com a Ucrânia, em todo o mundo vem os ataques aos trabalhadores, regressão de serviços públicos, aumento da desigualdade, e negação da soberania nacional na América Latina.
São as consequências da sobrevivência do imperialismo em crise, que vão se aprofundar com a eleição de Trump.
Por isso, mais que jamais, os trabalhadores precisam de uma representação política independente para se defenderem. A política, mundo afora, dos partidos que pretendendo falar em nome dos trabalhadores, se submetem aos interesses imperialistas, é que abre o avanço da extrema-direita. Não é o povo que vai à direita! São os partidos tradicionais da classe que decepcionam!
O povo trabalhador dá, cada vez mais, sinais de “basta de promessas não cumpridas”, “basta de mais do mesmo”, “basta de conluio com a especulação financeira que tira nosso prato de comida”. Esse sentimento, no terreno eleitoral, se expressou na abstenção de 29% dos eleitores. Em São Paulo, por exemplo, a abstenção, com os brancos e nulos (35%), foi maior que os votos do candidato eleito. Por outro lado, os “não votos” não indo para ninguém, deslegitimam o sistema político.
A derrota da política de alianças
A maior derrotada em 2024 foi a “política nacional de alianças” da cúpula do PT, visando a reeleição de Lula em 2026. O tiro saiu pela culatra. Em um vale tudo, ela não deteve a extrema-direita como pretendia, ao contrário, e o PL foi o partido mais votado saindo com 50% à mais de prefeituras.
O crescimento discreto do PT foi bem aquém do esperado pela direção, e mais nas pequenas cidades. De 183 prefeituras eleitas em 2020 (que chegaram a 265 com na janela partidária) para 252 prefeituras agora. Muitas grandes cidades ou capitais (Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba) foram entregues a outros partidos.
O PT não acabou, como chegaram a dizer. Cresceu em 28% os votos para vereadores do PT. Cresceu nacionalmente, inclusive nas capitais, para 3118 mandatos (em 2020 foram 2668). Mas, em bastiões históricos, como a grande São Paulo do “cinturão vermelho do ABC” ao “corredor vermelho” na região de Osasco, o PL elegeu 100 vereadores contra 43 do PT!
A abstenção expressa o desalento e a frustração com as promessas não cumpridas na campanha de Lula:
- Cadê a revogação das contrarreformas Trabalhista e da Previdência?
- Cadê a taxação dos mais ricos, enquanto se reza o padre-nosso do Arcabouço Fiscal?
Emendas, Fundão, Federação…fazem mal à saúde do nosso partido
A vitória da direita foi construída sobre as emendas parlamentares de 50 bilhões, que criaram clientelas (e corrupção) com prefeitos, vereadores e govenadores. Os 91% de prefeitos que foram reeleitos, se apoiaram nas emendas que cresceram muito desde de 2015 (hoje ¼ do orçamento). Um dispositivo do qual participa o PT!
Do Congresso vem também o Fundão eleitoral de R$ 5 bilhões. Verticalizado, oligarquiza as cúpulas de todos os partidos, e é usado discricionariamente.
Em que cidade deste país, candidatos à vereança ou à prefeitura pelo PT, não sofreram na pele esta verticalização? O fundão virou um piso de gastos, que é completado pelo bolso de candidatos milionários, além do caixa dois e da compra de votos.
A experiência eleitoral com a Federação Partidária (PT-PCdoB-PV) nestas eleições recoloca a discussão. Aprovada por ampla maioria do Diretório Nacional com dirigentes, como diz o cancioneiro popular, “vendendo algodão por veludo”, a Federação estreitou e enfraqueceu o PT na campanha. Nós, do Diálogo e Ação Petista, ainda que isolados, votamos contra a Federação. E queremos reabrir a discussão.
Companheiros e companheiras,
Vamos recolocar todos estes problemas e discutir os meios para enfrentá-los. Repetimos, o PT (e o governo) deve girar à esquerda e reatar os laços com o povo trabalhador e a juventude.
Não entramos na cantilena de que a classe trabalhadora mudou, que agora estaríamos vivendo a era dos empreendedores.
A classe trabalhadora, que foi a razão de ser na construção de nosso partido, segue aí, explorada. Seja na forma do emprego formal, informal, ou mesmo de trabalhadores e jovens que, sem emprego ou com empregos precários e baixíssimos salários, pegam o pouco que têm para “empreender” em condições degradantes. É uma só classe! E é a ela que devemos nos dirigir, como já o fizemos e por isso chegamos até onde chegamos. Como o único partido que os trabalhadores hoje têm para se apoiar.
Vamos fazer valer a famosa frase de nosso companheiro Lula, nos idos da década de 1970: “que ninguém mais ouse duvidar da capacidade da classe trabalhadora brasileira!”.
Reatemos e acreditemos na nossa própria história. Conluios entre as paredes das atuais instituições, num Congresso Nacional cada vez mais podre; alianças com partidos representantes das aves de rapina do povo; política “mais à direita”, tudo isso mina a coesão do povo trabalhador e o afasta do PT nascido para representar a maioria oprimida e explorada na cidade e no campo.
Essa maioria quer dinheiro para a Saúde, Educação, Reforma Agrária, Moradia, Empregos e Direitos. Para atender a estas demandas, PT (e governo) devem chamar e apoiar-se na mobilização popular para dizer não aos endinheirados da Faria Lima, que gritam, em nome do infindável “ajuste fiscal”, menos dinheiro para povo e mais para a especulação financeira nacional e internacional.
Que Lula responda aos especuladores: Nós não vamos cortar nada!
Que o governo responda aos trabalhadores: Vamos restituir os direitos retirados, revogando as contrarreformas Trabalhista, da Previdência e a lei das terceirizações. Promessa de campanha.
Vamos taxar as grandes fortunas, fazer reforma a fundo as instituições que mantém a opressão e os privilégios oriundos de mais de 300 anos de escravidão, em benefício da elite dominante neste sistema político!
Ah, dirão, mas com este Congresso não dá! E não dá mesmo!
Um Congresso que trabalha para o agronegócio e a mineração e promove a destruição ambiental, que beneficia a bancada da bala, um Congresso onde se propõe o Projeto de Lei 1904 para criminalizar as vítimas de estupro contra o direito ao aborto, PL contra o qual milhares de mulheres e jovens às ruas.
Com esse Congresso não dá, vamos reagir e não nos adaptar! É necessário uma Reforma Política que termine com a apropriação do orçamento pelas emendas parlamentares; que estabeleça “uma pessoa, um voto”, que este voto seja em lista e com um financiamento público exclusivo. É o caminho de um movimento por uma Constituinte Soberana, onde a palavra seja dada ao povo para refundar as instituições e fazer as reformas que não foram feitas.
Não há outro caminho. É o caminho para reconectar com os compromissos assumidos pelo PT. Se setores majoritários do partido e do governo, se esqueceram, o Diálogo e Ação Petista vai continuar levantando estas bandeiras.
Ano que vem, tem o Processo de Eleições Diretas do PT (PED), processo deformado porque traz para dentro do PT as mazelas do sistema político. Mas não nos furtaremos ao debate e à disputa.
Vamos combater, vamos levar este programa, organize-se e lute conosco!
Plenária Nacional de pré-cadastrados de 23 Estados
Precisava de um balanço realista e que nos coloca em movimento, estou no lugar certo. Parabéns
A classe trabalhadora precisa se unir de novo.
Precisamos colocar em evidência sindicatos fortes e atuantes em defesa do cidadão trabalhador e ir a luta.
Lutar pela revogação das reformas trabalhistas e previdenciária.
Unidos somos mais fortes!!!
PALESTINA LIVRE DO RIO AO MAR!