Roberto Elias Salomão 1953 – 2025

Após um período de convalescença, Salomão partiu.

Fundador do Diálogo e Ação Petista e membro do Comitê Nacional, foi o pioneiro da Comunicação do DAP.

Sua militância vem da origem da Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4ª Internacional, desde 1975 até 1987, corrente à qual, depois de ter sido presidente do PT-PR em 1998-1999, decidiu retornar em 2023.

Fala o irmão Gilberto, ladeado pela filha e sobrinha de Salomão. A esquerda, Milton Alves, a direita, Vanhoni, presidente do PT-Curitiba

Em 1975, Salomão foi um dos líderes da longa e vitoriosa greve dos estudantes da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), contra o diretor agente do regime. O conflito foi um ponto de virada do movimento estudantil sob a ditadura militar, pois o movimento ganhou o respaldo de uma inédita greve geral no campus, constituindo-se em um fator determinante da fundação do DCE Livre no ano seguinte, e uma base para a tendência estudantil nacional “Liberdade e Luta”.  Eleito, então, presidente do Centro Acadêmico Lupe Contrin pela chapa de oposição, logo em outubro viu-se face ao assassinato do jornalista e professor da ECA Wladimir Herzog, nas celas do DOI-CODI.       

Salomão e o CA decidiram passar nas salas e puxar uma paralisação de protesto que se estendeu pelo campus. Foi Salomão quem representou os estudantes da USP na assembleia do Sindicato dos Jornalistas no mesmo dia à noite, onde se decidiu um culto ecumênico na Catedral da Sé desafiando o regime militar. Salomão conduziu a grande delegação da ECA ao culto, que reuniu milhares de vários setores sociais, e se espalhou na Praça da Sé. Foi a primeira grande manifestação política pública contra o regime nos anos 70.

Formado, jornalista da Folha da Tarde, Salomão mudou-se para o Paraná em 1980, quando foi um dos fundadores do PT. Exemplo de perseverança militante – por exemplo, encabeçando a delegações do DAP nos atos na PF onde Lula estava preso em 2018-2019 – ele manteve até hoje sua atuação na Direção Estadual. Sua última missão foi coordenar a campanha a vereador de Milton Alves, do DAP-Curitiba.

Salomão foi um quadro militante internacionalista e leal, de humildade revolucionária exemplar.                  

A cerimônia de despedida no dia 28 de fevereiro reuniu mais de 100 pessoas de praticamente todas as sensibilidades políticas da esquerda e sindical (passaram ao longo do dia pelo menos 200), além dos familiares, as ex esposas Leia e Andreia, o irmão Gilberto, as filhas e sobrinhas. A cerimônia recebeu mensagens de militantes trotskistas, dirigentes históricos do PT e amigos do PR e de vários outros estados.

Roberto Elias Salomão viverá na sua luta de classe pelo socialismo, na memória de todos.

Viva Salomão!

Markus Sokol – IV Internacional

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