10° Endap: Virar à esquerda para realizar os compromissos de campanha de Lula e derrotar a direita e a extrema direita

São Paulo, sábado (22), aconteceu o 10º Encontro Nacional “Roberto Salomão” do Diálogo e Ação Petista – DAP Associação, que reuniu 74 delegados eleitos por 49 grupos de base, representando 12 estados.

O nome do encontro é uma homenagem ao companheiro Roberto Salomão, que faleceu em 28 de janeiro de 2025. Salomão foi um dos fundadores do DAP e membro do Comitê Nacional.

Este foi o primeiro Encontro Nacional enquanto DAP-Associação. Ele teve como pauta a conjuntura internacional e nacional, o Processo de Eleição Direta (PED) e medidas de organização do DAP Associação. Além disso, foi realizada a eleição do novo Comitê Nacional. (Ver no final).

Áurea Alves, Paulo Riela, Rui Falcão, Milton Alves e Markus Sokol

Após a definição da ordem do dia, foram compostas as mesas de conjuntura, integrada por Markus Sokol, da Executiva Nacional do PT e do Comitê Nacional do DAP; Milton Alves, jornalista e da CNDAP; Rui Falcão, deputado federal e ex-presidente nacional do PT. A mesa sobre PED, conduzida por Paulo Riela, integrante do CNDAP, William Lordelo, vereador do PT em Cruz das Almas-BA, e Grael, vereador em Pedro Leopoldo-MG. A mesa sobre a organização do DAP-Associação foi integrada por Misa Boito, CNDAP, Paulo Farias, CNDAP e responsável pelas finanças e pelo companheiro PH, do CNDAP e coordenador de comunicação.

As intervenções foram baseadas no documento “13 pontos para o PED 2025 – VIRAR À ESQUERDA!”. Dezenas de intervenções contribuíram na discussão, com sugestões e propondo ajustes ao texto.

Na fala de abertura do encontro, Markus Sokol, abordou o cenário internacional e seus impactos políticos no Brasil e na América Latina. “O Trump e seus bilionários representam uma resposta da classe dominante, com um foco de mudar as relações de dominação no mundo. Então, um choque com o Canadá, a esperança de anexar a Groenlândia, a operação de retomada do Canal do Panamá, as sobretaxa e a deportação em massa de migrantes, e o trabalho de Musk de desmontar de parte do aparelho de estado federal, tudo isso tem um objetivo ultimo que é o conflito com a China, que é o rival econômico”.

Sokol acrescentou ainda que é necessária uma articulação continental para enfrentar Trump: “Nenhum governo pode isoladamente pode derrotar o gigante americano, o império, mesmo nestes pontos. Não seria o caso do governo Lula, do governo Petro (Colômbia), da Claúdia Sheinbaum, presidente do México, e do Maduro presidente da Venezuela, convocarem a América Latina para uma ação comum?”.

“As Emendas parlamentares, que são umas das bases da República realmente existente, é uma instituição de base que em 2025 foi ampliada para 50 bi, não ampliou muito, mas a parte impositiva cresceu de 49% para 77%! O Flávio Dino tem questionou essa situação: “Me pergunto até quando?” Questionou o atual ministro do STF.  “Até que o processo orçamentário estiver adequado ao devido processo constitucional”. Não é desta Constituição que ele está falando até porque essa integrou as emendas desde a Constituição de 1988 Então, na verdade, está colocado novamente, por outra porta, quem vai acabar com as emendas? Os seus beneficiários, não! E eles são o Congresso Nacional. Então, mais do que nunca, está na ordem do dia uma reforma política que crie as bases para uma Constituinte Soberana, para resolver esse e vários outros problemas da nação que não estão resolvidos, e nem propostos ao Congresso para que resolva”, apontou Sokol.

Milton Alves, do Comitê Nacional, discorreu sobre as dificuldades políticas do governo Lula e alertou para a necessidade do cumprimento das promessas de campanha. “Temos hoje dois comportamentos básicos na nossa militância, no partido e no governo. Uma visão ufanista e uma visão que reduz as questões a um problema de comunicação. O governo faz muito, mas o povo não reconhece. Isso é falso, nos desarma, e pode preparar a nossa derrota. Todas as promessas mais importantes para a nossa classe, a classe trabalhadora, não foram encaminhadas, como a revogação das privatizações e das reformas regressivas”.

Segundo Milton, há nesse PED “o discurso da despolarização, de que é necessário ir mais ao centro, isso é um discurso para dizer o seguinte: é necessário ampliar mais ainda as alianças com esses setores da direita, ou da direita tradicional. A gente tem exatamente o discurso inverso: é virar à esquerda, reatar com a classe trabalhadora, na medida que a gente cumprir as promessas eleitorais é o melhor e o único caminho efetivo para derrotar o fascismo e isolar os neoliberais. Então, é hora de medidas a favor do trabalhador”, afirmou.

O deputado Rui Falcão abordou a questão da democracia, da concentração de renda e a necessidade da convocação de uma Assembleia Constituinte. “Não podemos considerar como democracia um país que tem milhões passando fome. Um país que tem uma concentração de renda inaceitável. E aí se a gente remeter 30 anos depois, embora com menos famintos, a mesma concentração de renda se ampliou. Então nós vivemos, na verdade, aquilo que os autores chamam de desdemocracia, uma democracia esvaziada do seu conteúdo, mas que costuma ter mecanismos como esses que nós conhecemos aqui. Então, a gente diz que é necessária uma reforma política eleitoral e criar as condições para uma Constituinte Soberana para mexer em alguns mecanismos inclusive dessa democracia”.

Em resposta ao apelo da militância presente ao encontro para que fosse candidato à presidência do PT, Rui Falcão declarou: “Tá sendo feito uma conclamação aqui para que me apresente como candidato a presidente do PT. Tem uma máquina já constituída que torna a nossa possibilidade de vitória não impossível, mas difícil. Mas é preciso enfrentar o desafio, pelo menos para ampliar o debate, pelo menos para levar essas iniciativas que o DAP propõe para todos os cantos do país onde a gente possa chegar. Por isso eu digo para vocês que eu tenho disposição sim, eu não costumo fugir da luta. Se a minha candidatura tiver pelos menos os cinco nomes do Diretório Nacional que são necessários para o registro, estou dentro”.

A discussão continuou com a fala de dezenas de companheiros e companheiras sobre a importância de fortalecer o DAP no curso do PED, a construção de chapas competitivas em todas as instâncias, a realização de debates com a militância sobre os 13 pontos, a observância das regras e prazos.

A fala de encerramento do 10° Endap foi feita pelo membro do Comitê nacional, Luiz Eduardo Greenhalgh, foi muito claro na sua síntese do Encontro:

“Orgulho tremendo do que nós fizemos aqui hoje a tarde e pela manhã. É o 10° Encontro, o melhor encontro que realizamos. O DAP é a voz dos que não tem voz dentro do PT. O PT pede pro DAP no PED resgatar o PT, e isso que nós vamos fazer. E o DAP pede no PED para o PT eleger o Rui Falcão presidente nacional”, declarou.

“O nosso partido precisa mudar. O Sokol falou que o ministro Sidônio disse que nós temos que ‘falar a mesma língua’. Eu estou de acordo com o ministro Sidônio. Nós temos que falar a mesma língua, a língua do povo, a língua dos trabalhadores do campo e da cidade, dos estudantes das mulheres, dos movimentos sociais. Nós queremos o PT no centro, eu também quero o PT no centro – no centro das lutas populares, no centro das lutas do chão da fábrica, no centro das lutas das universidades. E quero o PT nesse centrão, quero que o PT seja o centro desse centrão, de onde ele nunca deveria ter saído. Não somos a favor de uma frente ampla, a frente ampla nossa é com o povo, é com o povo brasileiro, com a classe trabalhadora, essa é a nossa frente ampla. Nós queremos de novo o PT para nós, nós queremos resgatar o PT e queremos avançar para uma Assembleia Nacional Constituinte. Parabéns companheiros, pela nossa história, pelo nosso encontro, foi um encontro vitorioso, o melhor de todos. Rui Falcão, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores”, finalizou Greenhalgh.

Nos próximos dias, será divulgado o relatório final do 10° Encontro Nacional Roberto Salomão do Diálogo e Ação Petista com o conjunto das resoluções políticas e os encaminhamentos organizativos do DAP para o PED 2025.

Luiz Eduardo Greenhalgh, Alessandro, Misa, Dinho e Sokol (SP), PH (AL), Farias (RS), Paulo Riela (BA), Valentim (CE), Sumara e Gilson Boy (MG), Lino (SC), Milton (PR), Áurea (RJ) e Ségio Ronaldo (DF).

Milton Alves, jornalista e membro do Comitê Nacional do DAP

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