Mais de 1 milhão já denunciaram fraude; como o INSS chegou nesse ponto?

Até hoje (16) mais de 1 milhão de segurados do INSS já denunciaram terem sido vítimas de fraudes envolvendo descontos indevidos em seus benefícios. Na maioria, aposentados que recebem um salário mínimo e que todo mês são descontados por associações fantasmas. O governo Lula (PT) decidiu corretamente devolver o dinheiro, mas é preciso ir até o fim na reconstrução do INSS e dos direitos surrupiados de milhões de trabalhadores.

A oposição liderada pelo bolsonarismo e suas variantes, a mesma que tentou acabar com a previdência social, instituir fundos individuais de aposentadoria e que segue defendendo a desvinculação da aposentadoria do salário mínimo faz pressão por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI). Não é para menos, há poucos dias, por 315 votos à 146 a Câmara aprovou um projeto que suspendia o processo contra Alexandre Ramagem (PL) que responde no STF por tentativa de golpe de estado, visando logo ali a anistia a Bolsonaro.

Mais uma vez a “base aliada” fez água. Os deputados repetiram a dose, mais da metade das assinaturas pela CPMI vem de partidos da base governista. Está provado (mais uma vez) que com esse Congresso não há saída alguma para o governo e para as demandas do povo.

As denúncias foram feitas sob o governo Bolsonaro em 2020, com Sérgio Moro ainda ministro da Justiça. De lá para cá os descontos cresceram de R$ 536,3 milhões em 2021, R$ 706,2 milhões em 2022 até alcançar R$ 2,6 bi em 2024.

Junto com as denúncias, veio uma ofensiva contra os sindicatos rurais a fim de confundir as organizações dos trabalhadores com quadrilhas especializadas no roubo de aposentados. A Contag, por exemplo, com mais de 60 anos de atividade e que reúne 27 federações e 3800 sindicatos na sua base foi fundamental na luta pela aposentadoria de trabalhadores rurais.

A FENASP, uma das organizações sindicais dos trabalhadores do INSS, denunciou em nota os “acordos de cooperação técnica, onde entidades tem acesso a informações privilegiadas de determinados grupos ou associados”, muitos deles feitos em 2016.

Fora isso, anos de desmonte tem seu preço. Após a eleição de Lula não foi feita a limpeza dos gestores herdados de Temer e Bolsonaro. Em 2024, o número de vagas abertas supera 22 mil, maior inclusive que o número de servidores em atividade hoje. Várias agências foram fechadas devido à falta de pessoal deixando milhões de aposentados que já tem dificuldade em se mover nos meios digitais e aplicativos ainda mais vulneráveis.

A resposta à ofensiva contra o INSS e o governo Lula deve ser respondida com a limpeza dos gestores, punição as associações fraudulentas, devolução dos valores e o preenchimento as milhares de vagas para que a população possa ser atendida. É a reconstrução dos serviços públicos que novamente bate a porta e está entre as expectativas que o povo tem no governo. Virar à esquerda, no governo, tem esse significado.

Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS

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