Depois do PED, os encontros seguem no mesmo diapasão

O PED, a eleição dos dirigentes em 6 de julho, está sendo seguido por Encontros (nacional, estaduais e municipais) mas, como diz o cancioneiro, “o pau que nasce torto, não tem jeito morre torto”.

Um dos primeiros encontros estaduais foi em São Paulo, que reporto aqui. Na Quadra do Bancários de São Paulo, lugar tradicional de assembleias e atos políticos, de 29 a 30 de agosto.

Dois dias de discussão? Não, dois dias de encenação.

Com as deformações do PED não era de se esperar um grande espaço de discussão. Como não foi o Encontro Nacional.

A abertura, na sexta-feira, foi uma sucessão de discursos para arengar os presentes. Um raro chamado à mobilização 8 dias depois, no 7 de Setembro – do presidente nacional Edinho e do ministro do Trabalho, Marinho -, não foi desdobrado em nenhum dispositivo prático, para a Capital ou para interior, pelos responsáveis, o presidente estadual Kiko e os que controlam a máquina.

Em destaque, a luta contra o governador Tarcísio de Freitas. O escolhido pela Faria Lima para assumir o lugar de Bolsonaro.

Foi incorporada uma emenda do DAP Associação, de ação prática contra o governo paulista – campanha de rua contra as escolas cívico-militares, pela desmilitarização da PM e contra privatizações. A ver se a bancada do PT reage! Enredada no script Assembleia Legislativa (ALESP), a bancada precisa largar de buscar farelos ofertados na disputa da mesa, em vista de um “lugar ao sol”. Assim, se confina na sombra. A bancada do PT votou no candidato de Tarcísio para presidente da ALESP! É mole?

O DAP ainda apresentou outras emendas. De medidas de defesa da soberania contra as investidas do governo Trump, a manutenção dos empregos contra os efeitos da taxação, a luta contra a intervenção imperialista para se imiscuir na política brasileira. Sobre isso, não foi dado o espaço necessário. Não foi tratado, como deveria na abertura de falas retóricas sem propostas contundentes chamando ao que fazer.

No sábado pela manhã, depois de uma nova série de discursos dos setoriais, sobraram duas poucas horas para discutir as emendas ao texto da Construindo Um Novo Brasil (CNB), majoritária no PED paulista. Um texto de longas 54 páginas, leva à duvidar de quantos delegados puderam lê-lo.

Emendas de várias correntes do PT foram incorporadas, não se diferenciavam do texto original.

Restaram as emendas do Diálogo e Ação Petista (DAP), presente com o compromisso de fazer do PT um real instrumento de luta da classe trabalhadora. Emendas da Articulação de Esquerda (AE) também foram à plenário. Em geral, DAP e AE votaram juntos nas emendas, todas rejeitadas pela maioria dos/as delegados/as da CNB (e outros menores), mais por disciplina do que consciência.

O DAP apresentou propostas para livrar o governo Lula da ditadura do arcabouço fiscal, para superar a amarra do Congresso reacionário (reforma política, na perspectiva de uma Assembleia Constituinte Soberana que jamais houve no país), e por uma plataforma política como base para alianças eleitorais.

Um dia a ficha cai. Muitos que embarcaram no desvio do PT de seus compromissos, irão dar-se conta que o PT só segue sendo um partido dos trabalhadores, porque o povo trabalhador espera dele um instrumento de sua luta. À eles propomos agir como agia!

O DAP ocupará duas vagas no novo Diretório Regional sendo uma na Executiva, na luta para agrupar todos os que queiram, nesse combate! Associe-se ao DAP e vamos lutar juntos!

Misa Boito, PT – São Paulo

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