Execuções sumárias de Trump na Venezuela e Colômbia tentam intimidar Brasil e América Latina

Trump iniciou uma série de assassinatos em águas internacionais sob a alegação de combate ao tráfico internacional de drogas. Primeiro no Atlântico, próximo à costa venezuelana, depois no Caribe e Pacífico, próximo à Colômbia, estas execuções extrajudiciais já mataram 37 pessoas desde agosto. Cenas divulgadas pelo governo estadunidense mostram o bombardeio sumário de embarcações que supostamente eram utilizadas por traficantes.

É uma escalada, não resta dúvida. O jornal The Washington Post noticiou que a 145 km da costa Venezuela foram vistos helicópteros do batalhão de operações especiais conhecidos como “Night Stalkers”. Estas aeronaves fazem parte do 160º Regimento de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos que se tornou conhecido em 2011 na operação que matou Osama Bin Laden no Paquistão. Trump já havia deslocado ao menos seis navios de guerra para a região, alguns deles com capacidade de ataque em terra.

Não é demais lembrar que Trump já havia oferecido uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão de Nicolás Maduro sob a acusação de tráfico de drogas.

Na mesma toada, Trump acusou Gustavo Petro, presidente da Colômbia de ser um “líder do tráfico”. O governo estadunidense já havia ameaçado Petro, com sobretaxa de produtos daquele país usando como “justificativa” desacordo em relação à deportação de imigrantes colombianos. Sem provas de sua acusação, Trump afirmou que “(Petro) é um traficante de drogas ilegais, incentivando fortemente a produção massiva de drogas, em campos grandes e pequenos, em toda a Colômbia. Esse se tornou, de longe, o principal negócio da Colômbia, e Petro não faz nada para impedi-lo, apesar dos pagamentos e subsídios em larga escala dos EUA, que nada mais são do que uma fraude de longo prazo”.

No final de setembro, Petro teve seu visto de ingresso nos Estados Unidos revogado após sua participação em protesto realizado em Nova York contra o genocídio do povo palestino.

A tentativa de Washington de desestabilização dos governos é evidente, seja pela intervenção militar direta, seja pela chantagem através de tarifas. No Brasil, a tentativa de intervenção tinha motivo político declaradamente assumido: livrar seu aliado Bolsonaro e os golpistas de 8 de janeiro de condenação. Na Venezuela, Trump realiza operações militares em Trinidad e Tobago para deixar bem claro que tem disposição de invadir por terra com apoio de seus aliados como sua “Nobel da Paz” María Corina. As ações contra Petro e a Colômbia vão pelo mesmo caminho.

Reação à Trump cresce, no dia 18 de outubro foram 7 milhões às ruas

Trump escala conflitos dentro e fora dos Estados Unidos, é seu método. Em reação à onda de protestos em mais de 2600 cidades americanas que reuniram 7 milhões de pessoas em 18 de outubro em sob o slogan “No kings (sem reis)” o perfil oficial de Trump publicou um vídeo grotesco em que ele bombardeia as pessoas de seu próprio pais com fezes. Sua reação nervosa se deve à resistência que cresce. Esta semana, em Nova York, populares enfrentaram espontaneamente as ações do ICE (agência migratória dos EUA). Enquanto era preso, um manifestante afirmou que “o ICE está tentando sequestrar nossos vizinhos nas ruas, eu estava parado em um cruzamento, nós, nova-iorquinos, não podemos deixar isso acontecer.”

Em meio a isso, neste domingo, Trump se reunirá com Lula na Malásia durante a realização da 47ª Cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Marcada para discutir o contencioso comercial, do ponto de vista nacional, caberia incluir na reunião o questionamento da caçada ao menos dos migrantes brasileiros pelo ICE de Trump, assim como demarcar da agressão à soberania nacional dos países vizinhos, que tenta intimidar o Brasil e a América Latina.

Marcelo CarliniDiretório PT/RS

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