Congresso inimigo do povo dá sinal verde a golpistas! No 8/1, responder nas ruas!
Na imagem: Charge de Laerte, publicada na Folha de S.Paulo em 19/12/2025
O cheiro da anistia chamada de “dosimetria” a Bolsonaro e seus generais golpistas é insuportável. A mesa posta, convivas alegres e um único brinde saudando o final de ano e a perspectiva de uma nova e tranquila vitória desandou. O clima de concertação institucional calibrado na antessala de um ano eleitoral foi azedado pela podridão que teima em não deixar esquecer que há um prato estragado à mesa, e todos sabem, comida estragada se sobrepõe aos melhores aromas.
Três dias depois dos atos do domingo (14) contra o “Pl da dosimetria” Jaques Wagner (PT/BA), líder do Governo no Senado, resolveu fazer um acordo com os golpistas para votar o projeto rechaçado nas ruas. O projeto em benefício e com aprovação de Bolsonaro teve a revisão de Sérgio Moro.
Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, qualificou a condução como um “erro lamentável”. Lula, que anunciou o veto, também afirmou que não tinha conhecimento e que portanto não fez acordo algum. Falta o judiciário se manifestar, o Supremo não pode aceitar a anistia disfarçada.
A vitória em 2026 não virá de nenhuma concertação institucional. Não é possível contornar o fato de que a aprovação da isenção de IR para quem recebe até R$ 5 mil, por exemplo, só veio após às mobilizações de 21 de setembro. O fim da escala 6×1 ainda é incerto e a chantagem sobre o governo é permanente e a repulsa do povo pelo Congresso é grande.
O sucesso da hashtag “Congresso inimigo do povo” e a reação dos jornalões não é de graça. A lista de motivos recentes é grande: tentativa de aprovação da PEC da blindagem, da anistia, da derrubada dos vetos do Pl da devastação, marco temporal de terras indígenas… Irritado, Davi Alcolumbre, presidente do Senado, até mandou a Polícia Legislativa investigar os animadores do slogan.
Não foi somente ele que ficou incomodado. Em editorial, o Estadão saiu em defesa da “dosimetria” e criticou aqueles que colocam o Congresso como adversário do povo brasileiro. Para o porta-voz da burguesia paulista caracterizações como essa “corroem a confiança pública” nas instituições.
Mais que nunca o Congresso, Câmara e Senado, são inimigos do povo. Se na votação da blindagem foi Motta e a Câmara que saíram queimados, agora é Alcolumbre e o Senado. A “casa revisora” não salvou desta vez. Não faltou articulação política por parte do governo, o problema está nas instituições e nas regras que as constituem. O Congresso é uma máquina montada para ser exatamente como ele é.
Daí parte a necessidade de uma reforma política que estabeleça voto em lista, fundo público exclusivo de campanha e voto proporcional. A podridão à mesa só será superada com novas regras, na perspectiva de uma constituinte soberana que passe as instituições e o país a limpo. Dia 8 de janeiro, data em que a tentativa frustrada de golpe fará 3 anos, o DAP estará nas ruas junto com milhares de militantes de todo o Brasil contra a anistia aos bandidos militares e civis e na luta pelas reformas adiadas.
Marcelo Carlini, membro do Diretório Estadual do PT-RS