Diálogo Petista – 14
“UMA REFLEXÃO TRANQUILA E SERENA ENTRE PETISTAS”
A Carta-Convite para o Encontro Nacional, organizado pelo do Fórum Diálogo Petista, chama para a discussão e reflexão dos militantes para responder às graves questões que enfrenta o partido. Diz a carta: “uma inquietação hoje atravessa os militantes e quadros do partido em todas correntes – assim, aonde vamos parar?”
De fato, são os problemas que exigem respostas que representem, concretamente, outra política. Pelas condições dadas na disputa para as eleições da direção partidária, em 22 de novembro, todos os problemas colocados continuarão atuais depois do dia da votação. Assim, petistas de diferentes origens e chapas, organizam esse Encontro Nacional, apresentando a proposta nas atividades do PED.
Entre as questões colocadas, diz a carta:“É necessário discutir como avançar numa outra política. Por exemplo, não seria o caso de decidir uma ampla consulta ao povo para passar o país a limpo e construir uma “governabilidade” com a cara do Brasil e não a cara desse Senado? E para fazer isso, democraticamente, não seria um meio a discussão de uma Assembléia Constituinte?”
Encontro Nacional do Dialogo Petista
13 de dezembro, São Paulo
Sede da Apeoesp, Praça da República, 282(Metro República) – Das 10h às 18h
“Precisamos ir além”
Pedro Uczai, ligado à defesa da agricultura familiar, é deputado estadual em terceiro mandato, tendo sido prefeito de Chapecó, no oeste catarinense.
DP – Não é contraditório o governo prometer atualizar o índice de produtividade da terra e, de outro lado, bancar a legalização da grilagem?
Pedro – A reforma agrária é uma luta histórica no Brasil, não se conclui no governo Lula. O governo vive a contradição de sua própria governabilidade, entre atender os sem-terra, viabilizando o projeto de reforma agrária, pedido pelos movimentos sociais, como MST, e, ao mesmo tempo, a base ruralista. Constrói marcos regulatórios que consagram o latifúndio histórico.
Em 7 anos, o governo manteve esta contradição, não foi agora. Nessa conjuntura, para a vitória em 2010, o risco que se corre é de diminuir a profundidade das políticas públicas reformadoras das estruturas.
DP – Como você vê o Diálogo Petista?
Pedro – Quando grupos do PT procedem a experiências, o próprio produto histórico é a energia de um partido político.
Não podemos nos ater só a coisas conjunturais, precisamos transformar essa realidade, e para isso precisamos de energia teórica e prática. Precisamos do diálogo entre a tradição histórica e a prática atual para ir além da institucionalidade. Por isso, o Diálogo Petista é interessante.
No meu mandato nos dispomos a participar , nos preparamos para fugir daqui e dar um pulo lá em 13 de dezembro.
“Com certeza, estarei lá!”
Foi com essa determinação que Darci Ruano, secretária de formação do Diretório de Santa Rita do Passa Quatro (SP), respondeu à Carta-Convite para o Encontro do Diálogo Petista, que conheceu no debate de chapas estaduais do PED, em Aguaí.
DP – O que você acha desta iniciativa do agrupamento?
Darci – Ótima! Está na hora de se pensar que o Brasil tem que ser dos brasileiros. Se as medidas propostas no convite forem adotadas, nós teremos um Brasil decente! Hoje, o que temos é uma inversão: os governos e políticos deveriam cuidar do povo em 1º lugar e não é o que fazem. Nosso povo precisa ter uma boa estrutura, a começar por Educação e Saúde. Senão, continua a ser manipulado. E o papel do PT é organizar , fazer formação política!
DP – Como você vê a questão a tentativa de impor a candidatura Ciro Gomes?
Darci – A candidatura própria é uma necessidade. Uma pessoa de outro partido, eleita, não vai defender as nossas posições, não vai acatar as sugestões de nossos deputados, mesmo se estivermos coligados. Ciro será o carro-chefe, dará as ordens. Nós ficaríamos de novo impossibilitados de corrigir os erros dos governos anteriores, que não estão comprometidos com os trabalhadores, como o PT pode e deve estar.
DP – Você está disposta a participar do Encontro de dezembro?
Darci – Com certeza, estarei lá! Eu quero participar de alguma coisa que faça o país melhorar!
“Outra governabilidade”
Entrevista com Antonio Battisti, vereador em terceiro mandato em São José (região metropolitana de Florianópolis, SC), também vice-presidente do SINTESPE (o sindicato dos servidores estaduais), e que ajuda a construir o Encontro de dezembro
DP – Como você vê a aliança nacional com o PMDB em nome da governabilidade?
Battisti – Não vejo como alcançar uma aliança com o PMDB sem que o PT abra mão, por exemplo, de ter no seu programa para o Estado a revisão do controle das Organizações Sociais sobre uma série de setores que até ontem eram totalmente públicos, como o hemocentro (HEMOSC) ou o hospital do câncer (CEPON), atacados pelo governador Luiz Henrique, do PMDB. Se houver a aliança será para desfigurar os compromissos históricos do PT.
Em nome desta tal governabilidade da aliança com Judas, nossa senadora Ideli teve que virar defensora pública da oligarquia Sarney no Senado, enquanto o líder da bancada no senado, Mercadante, foi desautorizado pelo Planalto e por Berzoini. Isso desgastou o PT, pois todo petista sabe que Sarney não deixou de ser latifundiário e homem da elite maranhense.
Portanto, há duas escolhas: a governabilidade com Sarney, Collor e outros, construída exclusivamente por dentro, segundo os mecanismos de instituições viciadas e avessas às mudanças, que põe freio e impede o governo Lula de cumprir os mais agudos compromissos populares para o qual se elegeu; e, outra, a governabilidade, baseada na maioria, nos 58 milhões de votos, nas organizações sindicais e populares, que pela mobilização assegurem seu direito democrático às mudanças. Uma política petista está vinculada, desde o Manifesto de fundação do PT, a esta segunda opção.
DP – Como você vê o Encontro Nacional do Diálogo Petista?
Battisti – O mandato participa desde o primeiro Encontro do Diálogo. O Encontro de dezembro será mais uma oportunidade para petistas discutirem livremente como se posicionar e o que fazer para ajudar na luta pelo Pré-Sal, pela reforma agrária e outras questões; e isso é muito importante, ou seja, construir campanhas que possam acionar os militantes petistas – que são milhares – e que hoje são convidados a, no máximo, fazer campanha eleitoral de dois em dois anos. Nosso mandato vai ajudar a construir uma delegação de São José e do Estado.
Dois palanques, uma desmoralização
A companheira Ana Rossi fez a seguinte intervenção no debate do PED em Porto Alegre:
Não acredito que seja positivo a Dilma estar em vários palanques a governador . Aqui, temos uma candidatura do PT com Tarso Genro. Mas, o que seria de todo nosso esforço, se a Dilma vier fazer campanha no palanque para o candidato do PMDB, nosso provável principal adversário?
O que a direção do PT propõe coloca o partido e a militância reféns do PMDB, desmoraliza e confunde.”
“O José Eduardo Dutra disse que tinha coragem de defender a aliança com o PMDB ‘necessária para a governabilidade’. Todos, uns corajosos, outros medrosos, defendem a aliança com o PMDB, exceto o Markus Sokol.
Mas coragem é preciso para se apoiar no povo para construir a governabilidade. Governabilidade para fazer reforma agrária, para acabar com o fator previdenciário e avançar nas reformas que o povo precisa. Esse é o caminho da vitória do PT.