Diálogo Petista 40
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Iniciativas de defesa dos trabalhadores, suas lutas e do PT
Nessa edição, publicamos os relatos de reuniões do Diálogo no Nordeste, que dão exemplo da importância de restabelecer o vínculo entre os militantes com as iniciativas na luta de classe, algumas delas decididas no 3º Encontro do Diálogo (em abril).
Enquanto a base pede “mão de ferro” da direção contra os adversários, muitas vezes encontra a “mão de ferro” de prefeitos do PT contra a base!
Fortaleza:
Queremos nossa estrela de volta!
Cerca de 30 petistas se reuniram no Diálogo, dia 14/6, na sede do PT. Uma rica discussão partiu da situação da revolução tunisiana, passando pela luta no Haiti, pelo combate pelo Petróleo para a Nação e, como não poderia deixar de ser, enfatizou a greve, então de 45 dias, dos professores de Fortaleza, fortemente reprimida pela prefeita petista Luizianne Lins.
A questão tomou ênfase exatamente porque foi o espaço encontrado pelos grevistas petistas para discutir sua ação dentro das mobilizações em curso. Já na assembleia da manhã, o vereador Salmito Filho (PT) dissera aos grevistas:
“Sou do PT há 18 anos, não vou mudar de partido, e sou contra a atitude da prefeita”, declaração retomada na discussão. Socorro Malaquias, uma dirigente da greve, disse que sente uma enorme dor ao ver a prefeita do PT reprimindo a greve: “não posso aceitar que o partido criado na porta das fábricas seja levado para o buraco”. Já a professora Márcia Andrade disse que “da mesma maneira que concorri à direção do Sindiute, perdi e fiquei no sindicato, também não vou sair do PT”. Ana Cristina, secretária do Sindiute, disse ter ficado intimidada para convocar a reunião, mas está vendo como seria fácil destruir o PT “se não estivéssemos dentro para resistir”.
Silvano, professor e velho militante do PT, destacou: “o PT é isso aqui! Não podemos abandonar os milhares de filiados que estão no partido”. A jovem Camila afirmou: “tirei meu título para votar no Lula, não quero abrir mão”.
A única palavra para descrever a reunião é “emocionante”!
O conjunto de intervenções culminou com a professora estadual Suzana Vaz, que resumiu tudo ao dizer: “Luizianne, devolva nossa estrela!”. A reunião adotou uma declaração de petistas em defesa do piso e do direito de greve, subscrita por dezenas de petistas durante a semana.
Zezé Morais
Ferroviários de Itabaiana
organizam Diálogo
Dez ferroviários petistas e um jovem se encontram na primeira reunião da cidade de Itabaiana, na Paraíba. Entre eles, estavam dirigentes membros do DM de Itabaiana, fundadores do partido, e de outras cidades.
Foi discutido o Manifesto Aos Petistas do 3º Encontro Nacional do Diálogo. Quase todos tomaram a palavra: Marcus disse que “o processo de degradação do PT já vem de algum tempo. A necessidade da política de alianças mudou a cara do partido. O PT vive hoje uma crise de identidade, e já não se identifica mais com os próprios petistas”. Leonardo acusou: “a direção do PT, permite que o partido vire uma casa onde outros partidos mandam, a do PMDB”. Citou o boato que corre, sobre um acordo entre o PMDB e PSB para emplacarem candidaturas próprias em 50 municípios da Paraíba, com a conivência da direção estadual do PT: “é preciso que a direção do partido tenha mão de ferro para se contrapor a esta situação”.
A maioria das outras falas passou a se apoiar na proposta do Diálogo Petista intervir na luta de classe para ajudar os trabalhadores, no sentido de saber o que se pode fazer para que o PT, direção e parlamentares, possam ajudar a luta dos ferroviários junto aos sindicatos e à CUT.
Ao final, um dos companheiros tomou a palavra para declarar que “esta reunião, o debate que aqui ocorreu, serviu para levantar meu ânimo e voltar a lutar no PT, pois confesso que já não via mais como fazer isso”.
Todos ficaram de voltar a se reunir em 6 ou 7 de julho.
Edmilson Meneses
Salvador:
“Muito triste a Dilma parabenizar FHC”
Prosseguindo a discussão e as iniciativas, 11 petistas e sindicalistas participaram, dia 14, na sede do PT, da reunião do Diálogo. Paulo Riela, do DM-PT, destacou as várias moções enviadas em solidariedade às greves de professores em Fortaleza, docentes na Bahia e servidores de Alagoas, a partir da última reunião do DP.
Acrescentou ao crescimento das greves, o movimento que farão os aeroportuários na greve contra privatização dia 6, Dia Nacional de Luta da CUT, com exigência dirigida ao governo Dilma.
Zé Maria, presidente da Associação de Motoristas do Estado, falou que “está muito triste com Dilma, um absurdo parabenizar FHC. Quem se lembra, FHC loteou e vendeu o país”. E acrescentou que é preciso rediscutir certas questões no PT, por isso propôs uma “plenária dos (deputados) federais da Bahia para ouvir sobre o Código Florestal”.
O companheiro Joel disse “ver o governo tomando posturas inadmissíveis”, sendo necessário “colocar a base que quer lutar contra as medidas do governo, não contra o governo”.
A defesa da CUT como instrumento dos trabalhadores foi destacada por Edenice Santana, professora e integrante do DM: “pagamos um preço alto pelas políticas do governo Wagner e Dilma, a história do PT e da CUT é para organizar luta da classe trabalhadora”.
Já Manoel Lapa, da Federação dos Trabalhadores Municipais, enfatizou que “o governo só se preocupa com a Copa, o PT não toma iniciativa e a CUT está capenga… vamos ter que criar mobilização para ver se conscientizamos o povo”.
Antonia Sampaio, professora da APLB, constata o conflito “do PT de classe com o PT governo, por exemplo, no caso do Código Florestal”. E acrescenta: “a CUT deve abrir espaço físico para construir uma oposição cutista na APLB desde já”.
Propondo a ampliação deste espaço, Antonio Edgard, da coordenação do Setorial de Educação do PT-BA, exortou os presentes: “É preciso ampliar o DP, tentar trazer mais pessoas”.
Como conclusão, os presentes decidiram enviar uma carta aos deputados federais do PT-BA que votaram contra o Código Florestal, convidando-os a um debate no dia 18 de julho para juntar forças para impedir sua aprovação. Decidiram também se dirigir ao presidente da CUT-BA para agendar reunião dos sindicalistas presentes para discutir a constituição de oposições cutistas nos servidores públicos.
Por fim, todos assumiram compromisso de acompanhar as discussões das eleições de 2012, propondo uma plataforma para a candidatura do PT.
Correspondente