Diálogo Petista 72
COORDENAÇÃO DO DP VAI DIRIGIR-SE A TODOS OS PETISTAS!
A coordenação nacional do Diálogo Petista reuniu-se pela segunda vez neste ano no último 1º de abril em São Paulo. Nessa página apresentamos um resumo da discussão e as conclusões da reunião. Começa no Diálogo a discussão sobre o Processo de Eleições Diretas (PED), as reuniões de base vão se posicionando, como também reportamos.
O ponto de partida foram atos “Em defesa do PT e os direitos democráticos”, nos quais o agrupamento participou ou teve a iniciativa de realizar, atos que reuniram mais de 2 mil petistas em vários estados desde novembro passado.
Numa situação de aprofundamento da crise internacional do capitalismo, na América Latina o governo dos EUA, Obama, reagiu à morte de Chávez dizendo que “abriu-se um novo capítulo”, expressando sua vontade de recuperar o terreno para o imperialismo estadunidense na região. Guardadas as proporções, esta pressão do imperialismo está presente em todos os países da região.
Assim, no Brasil, aumenta a pressão para que se volte ao regime de concessão no Pré-sal, se arma uma “grita” do “mercado” sobre a volta da inflação, se exigindo como sempre a “redução do custo Brasil”.
Mas, diante dessas pressões, o governo Dilma responde com mais concessões ao “mercado”, mais setores que são beneficiados com a desoneração da contribuição patronal ao INSS (abrindo um rombo na Previdência) e marcando novos leilões do petróleo!
E A DIREÇÃO DO PARTIDO?
É nessa situação que Lula e a direção do PT decidiram antecipar o lançamento de Dilma à reeleição, depois de ter diluído a comemoração dos 33 anos do PT em atos que teciam loas aos 10 Anos dos governos Lula e Dilma, não só na linha de defesa da coalizão com o PMDB e outros, mas buscando inclusive ampliar a participação no governo de partidos como o PSD de Kassab.
No mesmo movimento, a cúpula do PT não move uma palha para defender os petistas, entre eles dois ex-presidentes do partido, Zé Dirceu e Genoíno, condenados pelo STF num julgamento político de exceção da Ação Penal 470, que abre um precedente perigoso para o conjunto das organizações dos trabalhadores. “Um julgamento que é na verdade, expressão da luta classe”, como disse uma companheira na reunião.
A resposta da cúpula foi antecipar o lançamento de Dilma à reeleição, abrindo uma polarização com a oposição PSDB-DEM.
As iniciativas lançadas pela direção do PT – em combinação com a ida de Lula à CUT numa reunião de sua direção nacional que abria a comemoração dos 30 anos da central (que se completam em agosto) e, depois de uma ausência de 11 anos, à reunião do Diretório nacional do PT – incluem dois abaixo-assinados de massa: uma iniciativa popular pela Reforma Política e o apoio ao PL de regulamentação da mídia. Iniciativas que seriam, aos olhos da cúpula, a resposta ao ataque feito ao partido no julgamento da AP 470, mas que nos fatos contornam essa questão.
Uma questão que é central, pois se trata de um ataque ao PT e aos direitos democráticos, que prossegue e pede, como avançaram vários atos e debates realizados no último período (como o da CUT-RJ no auditório da ABI) a anulação da AP 470. Questão que traz à tona a necessidade de mudanças profundas nas instituições antidemocráticas herdadas da ditadura, o que só pode ser enfrentado com uma Constituinte Soberana.
Mas a direção do PT se recusa a questionar o STF, como também se nega a claramente exigir a punição dos responsáveis dos crimes da Ditadura Militar, ou a fazer uma verdadeira reforma agrária que acabe com o latifúndio, ou ainda dar um fim à ditadura da divida (continua o superávit primário), às privatizações etc..
A direção do PT, na verdade, segue prisioneira da linha das alianças (Feliciano, Renan etc.) que nomeou os juízes do STF, enquanto busca apresentar as conquistas (emprego, salário etc.) destes anos de governo como se fossem benesses da “coalizão”!
CARTA AOS PETISTAS
Por seu lado, a militância está disposta a defender o PT quando convocada, o que se expressou nas dezenas de atos, realizados em todo o país.
Na sua primeira reunião do ano (março) a coordenação nacional do DP, além de impulsionar as iniciativas adotadas no 5º Encontro nacional do agrupamento – AP 470, Haiti, OSs, Quilombos, Punição, Petróleo e outras – havia proposto, que fosse aberta a discussão nas reuniões regionais sobre uma Chapa nacional para o PED. A sugestão era retomar pontos programáticos que já são patrimônio comum dos aderentes ao Diálogo Petista, para começar uma discussão sobre a chapa nacional e, em seguida, discutir chapas estaduais e municipais.
Entre março e 1º de abril, cerca de 20 reuniões foram realizadas em 13 estados. Tomando por base as respostas vindas dessas reuniões, a Coordenação Nacional decidiu lançar, num prazo de 15 dias, uma “Carta aos petistas”. A carta que será especialmente dirigidas aos setores do partido que participaram, ou organizaram com o DP, dos atos “Em Defesa do PT e dos direitos democráticos”, chamará à discussão sobre a formação de uma chapa nacional ao PED com base em três eixos:
1) Unidade “Em Defesa do PT e Direitos Democráticos, pela Anulação da AP 470”;
2) Pontos para uma Plataforma de Ação
para o partido e o governo: Reforma agrária, reestatização/fim às privatizações, fim do superávit primário, verdadeira reforma política (Assembleia Constituinte Soberana), punição dos crimes da Ditadura Militar – e o questionamento da “política de alianças”;
3) a elaboração de uma proposta sobre o atual Regime Interno do PT, no sentido que as direções partidárias voltem a ser eleitas em Encontros de delegados mandatados pelas bases, e não no distorcido processo atual do PED.
CHAPAS PARA O PED EM DISCUSSÃO
Ao longo do mês de março novas reuniões locais do Diálogo Petista foram realizadas e a questão de uma chapa para o PED nelas foi abordada.
Em Maceió (AL), reuniu-se a coordenação local. Entre suas decisões está a de apoiar a construção de uma chapa nacional do Diálogo Petista.
À mesma conclusão chegaram as reuniões ocorridas no Recife (PE) e em João Pessoa (PB).
No caso da reunião de João Pessoa, uma questão destacada em relação ao PED foi a ausência de plenárias de filiação de novos militantes do PT que, conforme decisão do 4ºCongresso do PT, seriam obrigatórias para dar ao novos filiados o direito de participar do PED.
O fato é que essas plenárias não vem sendo encaminhadas pelas direções locais. A reunião de João Pessoa decidiu também começar a discussão sobre a construção de uma chapa para disputar a eleição ao Diretório Municipal.
No Rio Grande do Sul ocorreram reuniões do DP em Nova Petrópolis e Porto Alegre. Nas duas a questão da chapa do PED foi iniciada, ainda sem conclusão.
Em Niterói (RJ) a reunião além de discutir ações de combate à AP 470, registrou a proposta de “participar do PED na linha do Diálogo”, que vai ser retomada em nova reunião.
Militantes e dirigentes de diretórios zonais do PT da Zona Norte de São Paulo, em 23 de março, também se reuniram. Eles concluíram com a decisão de enviar uma carta à coordenação nacional do DP e a dirigentes nacionais de correntes do partido propondo que o centro de uma chapa nacional para o PED fosse “a defesa do PT e a anulação da AP 470”, iniciando articulações no mesmo sentido para chapas zonais.
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