Uma singela homenagem à petista Marisa

“De retalho em retalho, construiremos um novo país”

Por Misa Boito

A primeira bandeira do PT eu é que fiz. Tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte, guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca e ficou lindo.” – Marisa

Não convivi na intimidade com a companheira Marisa.
Militando no PT de São Bernardo do Campo na década de 1980, a via em algumas atividades e reuniões, também em encontros estaduais do PT quando ela chegava ao lado de Lula. Mas não foi preciso ser próxima a ela para admirar sua postura, em particular, quando se tornou, o que se convencionou chamar, “primeira-dama”.
Recusando-se a entrar no ritual estabelecido pelas elites reacionárias desse país, notava-se que Marisa seguia sendo companheira, de Lula, e, como petista que costurou nossa primeira bandeira, companheira de todos nós, mulheres e homens que convivemos, mesmo que não na intimidade, nessas últimas quatro décadas, na mesma luta.
A luta que derrotou a ditadura militar e que demonstrou, “como nunca na história desse país”, a capacidade da classe trabalhadora de buscar o caminho para tomar em suas mãos o seu destino, dando um passo colossal com a criação do PT.
É incontornável. A morte de Marisa nos traz dor, mas também reflexão. Essa morte foi induzida pela mesma elite, e seus patrões imperialistas, que deixou Marisa apreensiva ao ver seu companheiro, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ser preso pela ditadura militar.
Com a sua morte Marisa pode estar tecendo mais uma bandeira do PT.
Na primeira, ela disse, “costurei a estrela branca e ficou lindo”.
Nessa agora, Marisa, indignados com o reacionarismo das classes dominantes – que não aceitam que os trabalhadores possam costurar e erguer sua própria bandeira e ao redor dela se organizarem – teceremos juntos a continuidade do que você começou com um “recorte guardado há muito tempo.”
Que a ida da companheira Marisa, provocada pela guerra sem trégua, contra Lula, ela e seus filhos, abra todos os olhos.
A guerra que matou Marisa e mantém petistas presos, verdadeiros reféns de Sergio Moro, e que visa aniquilar a consciência que os trabalhadores demonstraram ao construir o PT, consciência simbolizada pela máquina de costura de Marisa, na nossa primeira bandeira.
Que se abram os olhos para ver que não há o que colaborar com aqueles que querem nos matar, como mataram Marisa. Os mesmos que, cinicamente, vão visitar seu companheiro no hospital, enquanto Marisa agonizava.
Por conta dessas elites Marisa morreu como ré na farsa da Lava Jato!
Ré dessa farsa do judiciário golpista que prende e mata, sem escrúpulos, para colocar nosso país de joelhos aos interesses do capital financeiro.
Mulher de luta, companheira que não se sentia diminuída por ser companheira de Lula, ao contrário, demonstrou que uma trabalhadora sabe bem onde estão seus aliados.
Marisa mostrou, ao ser companheira de seu companheiro, que para lutar pelos interesses da classe trabalhadora, somos, homens e mulheres, irmãos de uma mesma classe.
A maior demonstração disso foi dada quando se recusou a fazer do codinome de “primeira dama” um cargo.
Do sindicato dos metalúrgicos que se abrigou em sua casa quando da intervenção pela ditadura militar, ao Palácio do Planalto, Marisa foi companheira de Lula, petista, companheira de todos nós.
A cruzada da Lava Jato que hoje podemos chamar de assassina, precisa ser enfrentada. Assim como precisamos enfrentar os golpistas que tiveram o desplante de ir ao hospital chorar lágrimas de crocodilos para buscar uma legitimidade que não têm. E não terão! A classe trabalhadora – e nosso partido está chamado a ajudar nisso – saberá dar a resposta.
Vi hoje um depoimento de Marisa na TVT. Ali ela lembrava a prisão de Lula, durante a ditadura, com a metralhadora apontada para a cabeça dele.
Hoje eles continuam apontando a metralhadora na cabeça de toda classe trabalhadora. Mas nós resistiremos. De retalho em retalho.
Companheira Marisa, mesmo se a conheci de longe, de perto lhe digo:
Viva a primeira tecelã de nossa bandeira. Essa bandeira “linda” nós vamos honrar. Fora Temer, Viva o PT! Nossa luta comum continua.

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