Com a palavra, Betão
A página do Diálogo e Ação Petista ouviu Betão, atual vereador do PT de Juiz de Fora e que foi eleito deputado estadual em Minas Gerais.
DAP – As campanhas (governadores, senadores e deputados) tiveram de abordar as questões nacionais. Como você integrou esses temas (PEC da morte, Pré-sal e reforma trabalhista) com os problemas do estado de Minas Gerais?
Betão – As coisas estão ligadas. Não há condições de resolver as questões de cada estado brasileiro, sem resolver os problemas nacionais. Minas Gerais está com orçamento comprometido com a questão da dívida pública, com cortes no orçamento do estado em função da PEC da morte que atinge a educação, saúde, moradia, saneamento básico e todos os serviços públicos. O desemprego aumentou e trouxe também o aumento dos moradores de rua, além do trabalho informal em grande proporção. Essa situação tem a ver com a política de ajuste fiscal aplicada pelos golpistas. Teve a contrarreforma trabalhista que está afetando a vida das pessoas, o comércio e a economia de Minas e do Brasil. O fim da partilha do Pré-sal tirou verbas na educação. Enfim, neste quadro de destruição não haverá como um governo PT, o governo Haddad, governar para atender aos interesses do povo brasileiro sem reorganizar o país e todas as instituições sob outras bases. Precisaremos de novas leis, novas instituições, o que exige a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Essa é bandeira que levantamos em nossa campanha para deputado estadual, fazendo essa discussão em cada cidade, em cada reunião em que estivemos presentes.
DAP – O PT em Minas manteve mais ou menos a mesma bancada de deputados, mas perdeu o governo e o senado, quando as pesquisas apontavam Dilma como eleita. Como você avalia esses resultados?
Betão – O PT elegeu um deputado a menos na Assembleia Legislativa e dois a menos para a Câmara. Mas, se olharmos os números de votos que o PT teve nas eleições municipais em 2016 e a votação de agora, diria que o PT se recuperou bastante. Mas vejo alguns motivos: a campanha sistemática e diária contra o PT e contra o ex-presidente Lula, os problemas dos atrasos no pagamento do funcionalismo e o boicote ao estado patrocinado pelo golpista Temer, particularmente contra Pimentel, além do que sofreu a companheira Dilma. Mas também acredito que os atos do dia 29 do “Ele não” tiveram o seu peso, ao contrário do que se esperava. O Bolsonaro, que já vinha fazendo uma campanha se apegando a temas morais e aproveitando de suas relações em especial com setores evangélicos, transformou esses temas na sua principal campanha, fugindo do que ele não quer efetivamente discutir, que é seu compromisso com a política de ajuste fiscal, de privatizar todas as estatais, de continuar os ataques aos direitos trabalhistas expressas nas “duas carteiras de trabalho” com e sem direitos, compromisso com o agronegócio e os latifundiários, enfim a continuidade do programa dos golpistas que está destruindo o Brasil.
DAP -Além da campanha para o 2º turno da eleição presidencial, em Minas haverá 2º turno para governador entre Anastasia (PSDB) e Zema (Novo). Como avalia e quais são as perspectivas?
Betão – De um lado está o Anastasia, o relator do golpe, que nos trouxe a atual situação política e econômica; de outro o Zema, do Partido Novo, que de novo não tem nada. Defende abertamente privatizar tudo o que puder. Vou defender que o PT não apoie nem um nem outro. Qualquer outra posição só servirá para confundir a militância e a classe trabalhadora, além de não ajudar na campanha de Haddad, que deve se pautar pela defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores da cidade, do campo e da juventude, coisa que nenhum desses candidatos ao governo de Minas pode representar