O chamado de Lula à resistência popular

A entrevista exclusiva do ex-presidente Lula, concedida aos jornalistas Mônica Bergamo (Folha de São Paulo) e Florestan Fernandes (El País) na sexta-feira (28), foi o fato político mais relevante da semana (passada) no país, alcançando também repercussão internacional. Uma entrevista que já ficou histórica. Leia o artigo de Milton Alves, militante do PT de Curitiba/PR e membro do DAP. Publicado no site do PT Paraná.

Por Milton Alves*

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Além de furar o silêncio imposto ao ex-presidente Lula, a entrevista assegurou a voz do maior líder popular do país, encarcerado há mais de um ano pela operação Lava Jato, na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

Durante a entrevista, Lula reafirmou, com veemência, a sua inocência e a condição de alvo político de uma farsa montada pelo então juiz Sergio Moro e pelos procuradores da Lava Jato em Curitiba contra ele, forjando uma condenação sem provas e por fatos indeterminados. Lula denunciou a Lava Jato, a perseguição judicial, exigiu um julgamento justo e disse que lutará para desmascarar a farsa de Sergio Moro.

Ao analisar a conjuntura e seus desdobramentos, Lula fez uma dura radiografia do desastre do governo Bolsonaro e de suas políticas antipopulares e de desmonte do país. “Eu tenho compromisso com esse povo. E eu estou vendo a obsessão que está acontecendo agora. De destruir a soberania nacional. De destruir empregos. De juntar R$ 1 trilhão, para quê? Às custas dos aposentados?”, declarou indignado.

Sobre a proposta de reforma da Previdência disse Lula: “Um país que não gera emprego, não gera salário, não gera consumo, não gera renda, quer pegar do aposentado e do velhinho R$ 1 trilhão? O Guedes precisava criar vergonha. Onde ele fez esse curso de economia dele? Se ele quiser me visitar aqui, eu discuto com ele esse problema dos pobres sem causar prejuízo aos pobres. Por que ele não mostra os privilegiados (de quem) eles falam que vão acabar com os privilégios?”.

Ou seja, o líder petista apontou os interesses em jogo com o desmonte do sistema público de Previdência, principal projeto do governo bolsonarista, e apelou para a sua rejeição em bloco.

O conjunto da entrevista revelou um Lula combativo, indignado, com vontade liderar a mobilização popular. O tempo de cadeia e a campanha de desconstrução política de seu legado na presidência, não enfraqueceram o seu vigor e determinação, como ele mesmo registrou “sou um pernambucano teimoso e vou lutar”.

Lula abordou também a relação dos sindicatos com os trabalhadores, alertando os dirigentes sindicais para as novas dinâmicas no mundo do trabalho, as mudanças operadas no perfil da classe trabalhadora e a necessidade de intensificar o diálogo com os trabalhadores precarizados e que estão na informalidade.

Também ressaltou o papel e a grandeza do PT, fez referências ao futuro promissor da liderança de Guilherme Boulos (PSOL), elogiou o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) e acenou para um ajuste na relação com Ciro Gomes (PDT).

Sobretudo, a mensagem central, o sentido político que fica da entrevista de Lula, é o da inadiável e imperativa tarefa de construção da resistência popular ao governo da extrema direita, do “bando de malucos’, como classificou, abrindo a perspectiva de um novo rumo para o país – com inclusão social, democracia e protagonismo popular.

*Ativista político e social, militante do PT de Curitiba. Edita o Blog MiltonComPolitica.


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