Policiais que mataram negros devem ser julgados, afirma sindicalista
Marlena Ceballos, sindicalista professora em Chicago, fala sobre os protestos que explodiram nos EUA em entrevista para o jornal Informações Operárias, do PT francês. Leia abaixo a entrevista concedida no último dia 01.
Chicago é a cidade onde Obama fez sua carreira política. A prefeita atual, Lori Lightfoot, é uma democrata negra. Fui à manifestação de ontem às 14 horas e fiquei presa no trânsito durante três horas. Eu estava no carro com um amigo. Quando estávamos perto do edifício Trump Tower, a prefeita fechou as pontes sobre o rio Chicago e parou os trens.
Foi então que os manifestantes foram para cima das viaturas
policiais; a polícia e os manifestantes ficaram violentos. As lojas foram
saqueadas; o desemprego em massa provoca os saques: o governo não
respondeu às necessidades mais básicas.
Recebemos 1.200 dólares como saldo de toda a conta bancária, e os “sem- documentos” não receberam nada. O centro da cidade está coberto de pichações e vandalizado.
A prefeita decretou um toque de recolher das 21h às 6h. Ela fez isso num momento em que as pontes ainda estavam levantadas e os trens parados. Então, os saques foram agravados. É uma coisa que eu nunca tinha visto. Os manifestantes eram de todas as raças, mas é importante notar que foram principalmente os brancos que iniciaram esses saques (1).
As reivindicações dos manifestantes são simples: todos os policiais que mataram negros devem ser julgados. Os sindicatos apoiam os manifestantes. Meu sindicato reivindica que a polícia não entre nas escolas. Ainda estou esperando uma declaração do meu sindicato sobre as manifestações.
(1) Essa observação não é específica de Chicago e é confirmada por um artigo do Washington Post de 2 de junho, citando fontes oficiais.