Comitê ‘Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos’ é relançado
Com mais de 50 lideranças sindicais e populares, parlamentares e dirigentes do PT foi relançado o Comitê ‘Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos’, no dia 21/03, na Câmara dos Vereadores de SP, tendo como convidado David Oxygene, dirigente do Mouvement de Liberté, d’égalité des Haïtiens pour la Fraternité – Molegaf (Movimento de Liberdade, Igualdade dos Haitianos pela Fraternidade).
Na mesa, José Genoíno, ex-presidente do PT, Bárbara Corrales (DAP Capital), Regina dos Santos (MNU Movimento Negro Unificado), Luiz Eduardo Greenhalgh (DN do PT e Comitê Nacional DAP), Gegê (CMP Central de Movimentos Populares) e Julio Turra, pelo CiLI (Comite Internacional de Ligação e Intercambio).
Em seu depoimento, Oxygene destacou que “no Haiti hoje a população é massacrada pelas gangues, por grupos armados à serviço de interesses da burguesia e isso é consequência do controle que os Estados Unidos exercem no país. Mas as organizações sindicais e populares resistem e a nossa luta se choca com o chamado “Core Group” formado por países como Estados Unidos, França, Canada. Nós tivemos uma ocupação com botas, militar, mas segue a ocupação sem botas. Por isso devemos solicitar ao presidente Lula que retire o Brasil desse “Core Group”, como um verdadeiro progressista que ele deve ser”. Julio Turra acrescentou “nenhum dos últimos 4 presidentes terminou seu mandato, o último presidente foi assassinado e hoje o país é comandado por um indicado por uma Comissão… é necessário um governo provisório de transição para organizar eleições livres!”
Segundo Genoíno, “a posição do PT à época era equivocada, reconheço, mas vocês, com o Comitê ajudaram a fazer essa discussão interna no partido, embora a ocupação tenha durado demais, 13 anos …”
“Estive no Haiti algumas vezes”, disse Greenhalgh, “e conheci alguns dos generais que depois constituíram o núcleo duro do governo Bolsonaro, o general Augusto Heleno. E lideraram as tropas também o Santos Cruz, o Luiz Eduardo Ramos e até o governador de SP, o Tarcísio esteve no Haiti. As operações no Haiti serviram como laboratório para as intervenções do exército em ações como a Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), no Rio de Janeiro e outras”.
Sokol contou sobre o início da campanha “que começou ainda antes do embarque das tropas. Partíamos de um princípio: nunca a intervenção militar estrangeira ajudará um povo quebrando sua soberania nacional. Só com soberania é que o próprio povo pode encontrar soluções para seus problemas. Fizemos um ato amplo no Largo de S. Francisco (lembro de Suplicy, Plinio Sampaio e Fernando Morais), um abaixo-assinado com umas 20 mil assinaturas e levamos na audiência, sendo recebidos pelo secretário-executivo do ministério, Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que me falou: “fica tranquilo Sokol, nós não vamos lá nos empantanar como os americanos fazem, vamos ficar 6 meses, organizar eleições, e sair” … mas foram 13 anos. Como argumentei que o Brasil podia ajudar o Haiti de outros modos, ele respondeu que a missão seria a oportunidade de o Brasil mostrar sua capacidade e “conquistar a cadeira no Conselho de Segurança da ONU que pleiteamos”.
Luna Zaratini, vereadora do PT declarou “precisamos fazer uma autocritica … o governo Lula se equivocou demais na ação no Haiti, e feriu princípios da autodeterminação dos povos…”
Ainda tomaram a palavra Gegê, Regina, Fedo Bacourt, presidente da União Social dos Imigrantes Haitianos e a vereadora Natalia Chaves, da bancada feminista do PSOL . Ao final, foi relançado o Comitê e uma operativa irá coordenar as atividades, que incluem a edição de um boletim “O que se passa no Haiti”, entre outras sugestões.