Conferência anti-Otan em Washington

Nos dias 6 e 7 de julho, organizações antiguerra e organizações pacifistas estadunidenses e europeias, realizaram uma conferência anti-OTAN, em Washington. A conferência culminou em uma marcha contra a guerra, para combater o genocídio em Gaza. A marcha percorreu as ruas de Washington até a Casa Branca.

A conferência aconteceu dias antes da reunião com os chefes dos 32 países que fazem parte da OTAN que aconteceu em Washington nos dias 9 e 10 de julho com Biden em comemoração aos 75 anos da aliança.

A OTAN se prepara atualmente para aumentar a ajuda militar à Ucrânia, bem como intensificar a escalada militar contra a China.

“A ERA DO PRÉ-GUERRA COMEÇOU”

O jornal Le Monde publicou uma reportagem sobre a ampliação da OTAN e do exército dos EUA na Europa intitulada “A era do pré-guerra começou”. Segundo a reportagem, dezenas de bases militares estão sendo instaladas e crescendo em todo Leste Europeu. O jornal cita, por exemplo, a base de Rudninkai, na Lituânia, com 25 mil hectares – equivalente a 1.282 Maracanãs –, que custará 9 bilhões de euros para acolher 5 mil soldados alemães.

NÃO À OTAN, SIM À PAZ

Sevim Dagdelen é também membro da Comissão dos Assuntos Externos e foi por muitos anos membro da Assembleia Parlamentar da OTAN, onde os deputados dos países membros da Aliança debatem questões de política de segurança e defesa.
Sevim Dagdelen

A conferência anti-OTAN contou com a presença de vários oradores, dentre eles, Sevim Dagdelen, deputada no Parlamento alemão desde 2005 pela Renania-Westfalia. Em sua fala aos presentes, Dagdelen destacou o papel da OTAN que desde a sua fundação age como braço armado da política dos EUA e tem bancado guerras para garantir a manutenção do sistema capitalista. “Em 1999, a OTAN desencadeou uma guerra de agressão contra a República Federal da Yugoslávia violando o direito internacional. […]”; “Em 2011, a OTAN atacou a Líbia, infringindo uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, adotada para levar a cabo uma guerra para uma mudança de regime […]”; “No Afeganistão, a OTAN envolveu-se em 2003 numa guerra longe dos territórios da Aliança. O objetivo declarado da invasão era derrubar os talibãs. Vinte anos depois, o poder foi entregue aos talibãs. […]”. A OTAN não é nem uma comunidade de democracias nem uma organização para a defesa da democracia, explicou.

A Universidade de Brown calcula em 4,5 milhões o número de mortos nas guerras travadas pelos EUA no Oriente Médio nos últimos vinte anos – guerras, como a do Iraque, que se basearam em mentiras e não passaram de violações flagrantes do direito internacional.

OS POVOS NÃO QUEREM NEM GUERRA NEM A OTAN

Cúmplice dos crimes de guerra praticados pelo governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, e com a política de aumentar os esforços de guerra que vem cortando os investimentos em saúde e educação nos países que fazem parte da Aliança, a OTAN vem perdendo cada vez mais sua legitimidade.

Ainda segundo Sevim Dagdelen, “o apoio da opinião pública à escalada e à expansão da OTAN está diminuindo no Ocidente. Na Alemanha, 55% da população rejeitou a adesão da Ucrânia à OTAN. A maioria opõe-se ao fornecimento de armas à Ucrânia e quer um cessar-fogo imediato. Nos Estados Unidos, a ajuda financeira à Ucrânia, que atualmente chega a 200 bilhões de dólares, tornou-se extremamente impopular.”

Cerimônia de formatura do Hunter College, Brooklyn, Nova York, 6 de junho.

UMA CRISE NO SEIO DO IMPERIALISMO

Nathan Gibbs

A pressão popular nos EUA contra o genocídio em Gaza cresce cada vez mais. As mobilizações de estudantes em defesa da Palestina tiveram um papel importante nesse processo e as ocupações nas universidades expuseram a real face da dita democracia norte-americana. Nathan Gibbs, Secretário de Organização do Comitê Internacional dos Socialistas Democráticos da América (DSA) e copresidente do Subcomitê Antiguerra, relatou na conferência anti-OTAN que vários acampamentos foram invadidos pela polícia e estudantes foram presos com a anuência das universidades, além de diversas expulsões.

Armas químicas também foram usadas contra os estudantes por ex-militares israelenses. Chamada de skunk, a solução à base de água com um odor extremamente nauseante com um cheiro comparável ao de esgoto ou carcaças de animais em decomposição, foi pulverizada por canhões de água.

Os Estados Unidos estão sempre nos falando sobre liberdade de expressão, direitos humanos, liberdade de reunião e tudo mais, mas assim que você fala sobre alguma coisa em que os Estados Unidos estão fortemente envolvidos, como o movimento colonialista do sionismo, eles o reprimem e tiram todos esses direitos, relatou Ali Al-Husseini, militante do Movimento da Juventude Palestina.

Ali Al-Husseini também denunciou a cumplicidade das universidades dos EUA no genocídio em Gaza, financiando direta ou indiretamente empresas que fornecem armas para Israel. Segundo ele, os movimentos de ocupação foram para pressionar os Campi a se desligarem dessas empresas e das universidades israelenses.

Os ataques de Israel contra Gaza vêm causando também um “escolasticídio”, ou seja, a destruição de todas as infraestruturas de ensino em Gaza. Por isso o movimento reivindica o rompimento das relações com as universidades sionistas, relata.

“ELES NÃO CONSEGUIRÃO NOS CALAR”

Esse foi o sentimento expressado pelos dois líderes do movimento dos estudantes que tiveram na conferência, tanto para Nathan Gibbs quanto para Ali Al-Husseini todos os ataques que tentaram calar os estudantes não tiveram força para dissuadir o movimento. Os estudantes reconhecem o que está acontecendo e pelo que estão lutando e por isso não podem permanecer em silêncio.

Com o retorno das aulas nas universidades no final de agosto, o movimento tende a retornar suas atividades com força.

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