Militares deverão cumprir pena. Mas e o comandante ‘terraplanagista’ do Exército?

Veio à luz a terraplanagem militar do acampamento na frente do QG do Exército, em Brasília, em 18 de novembro de 2022 – e não foi por filosofia de ‘terra-plana’!

Bolsonaro está inelegível até 2030; em prisão domiciliar aguarda o cumprimento da pena de 27 anos. Esta semana o STF sentenciou mais 5 oficiais, totalizando 15 condenados pelo intento de golpe, entre eles 4 generais estrelados. Ainda faltam dois grupos de réus serem julgados.

É inédito na história brasileira e ajuda a acuar a extrema-direita. Mas pode a nação respirar em paz?

O caso da terraplanagem foi capa do Estadão do dia 13. A denúncia é apoiada num vídeo do jornalista Wellington Macedo que estava no acampamento e o entregou ao Procurador Geral da República, Paulo Gonet, dentro de um pedido de delação premiada.

Deste acampamento saiu a turba fascista do 8 de janeiro. O comandante do Exército à época, o general Freire Gomes, não está nem entre os acusados por Gonet. Ao contrário, ele e o juiz Moraes cravaram que este foi o “pilar” da resistência militar ao golpe. Será?

Em 11 de novembro de 2022, os comandantes da Marinha, da Aeronáutica e Freire Gomes, o “pilar” do Exército, publicaram uma carta “Às instituições e ao povo brasileiro”, com a cara de pau de defender os acampamentos ilegais porque “não constitui crime a manifestação crítica aos poderes constitucionais”.

As investigações da PF mostraram que a carta estimulou os manifestantes a continuar na frente do QG. Uma semana depois foi realizada a terraplenagem, mas a PF não investigou o envolvimento militar nas obras.

Já Gonet, em abril do ano passado, respondeu que não tinha interesse no acordo de delação proposto por Wellington, e o juiz Moraes decretou sua prisão preventiva (também é acusado no atentado ao aeroporto).

Wellington tem direito ao devido processo legal, contudo não é normal que 10 dias depois, a denúncia documentada não tenha repercutido na grande imprensa, nem que o próprio Estadão tenha retomado o caso. É estranho que a questão só venha a público após três anos por meio do vazamento feito pelo advogado de Wellington, sem que nada tenha sido investigado.

Interpelado, o Centro de Comunicação Social do Exército que se relaciona com a mídia, justificou que “sob a ótica do turismo, o SMU (Setor Militar Urbano) é um dos espaços públicos mais singulares e simbólicos da capital federal”. Turismo!?

Tudo é muito estranho, não há prova de acordão, ainda, mas é bem conveniente para a teoria do ministro da Defesa, Múcio Monteiro, e do atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, sobre a participação de militares: foram “alguns CPFs de um CNPJ”… Cabe indagar se entregam os anéis para salvar a mão golpista.

Tal como outras evidências de participação, no mínimo omissão de altos oficias, “Sem Anistia”, que dizer que as forças democráticas devem manter a exigência de apuração dos crimes de todos os generais golpistas.

É forçoso reconhecer que para dar paz ao povo brasileiro, para apurar e punir os crimes encobertos pela auto anistia de 1979, fazem falta instituições determinadas a terminar com a mais que centenária tutela militar (atual art. 142 da Constituição) sobre a República.

Markus Sokol, do Comitê Nacional do Diálogo Petista DAP

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