Amazonas: avança a reconstrução do PT
Força da militância mantém partido unido no 2º turno
A eleição suplementar chamada pelo TRE com a cassação do governador José Melo (PROS), dominou a etapa estadual do 6º Congresso do PT. Os delegados decidiram, por unanimidade, lançar candidato próprio, o que não ocorria desde 2002.
O PCdoB da senadora Vanessa Graziottin apoiou o senador golpista Eduardo Braga (PMDB), enquanto o PSOL saiu na vice do candidato da Rede de Marina, que foi a Manaus pedir cadeia para Lula (fez 2,6 %).
O PT escolheu os deputados estaduais José Ricardo para governador e Sinésio Campos como vice. Com as palavras de ordem ‘Fora Temer’ e ‘Golpista Nunca Mais’, a militância abraçou a campanha.
O resultado final trouxe um recorde de abstenções, votos brancos e nulos que até superou o 2º colocado, como acontecera em algumas eleições municipais em 2016.
A chapa petista foi bem, ficou em 4º lugar com 12,2 % dos votos, mas foi a segunda mais votada na capital, Manaus, fazendo 152 mil votos (18,3%), à frente de Braga (PMDB).
O 2º turno, em 27 de agosto, será entre Braga e outro golpista Amazonino Mendes (PDT).
O PT de cara limpa e própria
Após o 1º turno, as atenções eram para saber para qual lado iria o PT que tem um histórico de conciliação, tanto que mesmo no 1º turno alguns dirigentes, prefeitos, vices e o grupo do presidente da CUT-AM, fizeram campanha para os adversários, contrariando a convenção partidária.
Mas a reunião do Diretório Estadual dia 12 resolveu a questão. A militância não se calou, nas redes pipocava o voto nulo no 2º turno, vários coletivos e grupos da Juventude do PT se manifestaram.
A chapa Unidade pela Reconstrução do PT, com um membro no Diretório Estadual impulsionou um Manifesto com mais de cem adesões de petistas de várias origens, como Antônio Delfino (Núcleo Petista Inovação, Democracia e Cidadania, de Manaus), históricos como o prof. Odenildo Sena e jovens com Ruan Otávio, secretário estadual da Juventude do PT. Apresentado ao Diretório Estadual, o Manifesto pedia o Voto 13 no 2º turno para manter a unidade do PT na luta contra o desgoverno Temer e o futuro governo estadual.
No debate, uma resolução de comum acordo foi construída, contemplando na pratica o voto 13 e nenhum voto em golpista.
Após a sua aprovação unânime, um adendo de companheiros da Construindo um Novo brasil (CNB) liberava a decisão de apoio no 2º turno para cada Diretório Municipal – a manobra desfazia a resolução unânime e premiava os dirigentes municipais que traíram o PT no 1º turno.
Contra o adendo, falaram o sindicalista Walter Mattos (O Trabalho) e Barroncas (Articulação de Esquerda), ganhando a maioria, por 20 votos contra 9. Votaram junto pelo texto original boa parte dos membros da Mensagem (Msg), CNB e Movimento PT – o deputado Zé Ricardo (Msg) votou a liberação, mas o vice Sinésio (Movimento PT) votou contra.
A reunião vitoriosa foi acompanhada pela presença de militantes que nos cartazes pediam Nenhum Voto em Golpista!
Saldo vitorioso
O resultado dessa eleição parcial tem interesse nacional.
No momento em que começa a Caravana de Lula no Nordeste, a eleição no Amazonas mostra que o PT pode superar a conciliação e voltar a dar a oportunidade aos trabalhadores se expressarem contra a oligarquia e sua política. Apesar dos obstáculos que existem dentro e fora do partido, sejam os esquerdistas sejam os nossos amigos do PCdoB.
O que traz um ânimo especial para a luta do DAP e todos que querem reconstruir o PT!
Gustavo Passaneli
Artigo extraído do jornal O Trabalho, edição nº 812 de 18 de agosto de 2017.