Entre os jovens do PT, avança a resistência à federação com o PSB
Nos dias 18, 19 e 20 de dezembro ocorreu a etapa nacional do 5º Congresso da Juventude do PT, em São Paulo. Reproduzimos aqui o texto de avaliação publicado no site da JRdoPT por Jeffei, da Coordenação Nacional da JRdoPT. “nunca tinham percebido a discussão sob a nossa ótica, que mudaram de posição ao ver a nossa defesa. (…) A militância está confusa e quer ser ouvida, quer entender o que está acontecendo”, afirma Jeffei.
Em seu 5º Congresso, a juventude do PT discute sobre a Federação com PSB
Nos dias 18,19 e 20 de dezembro ocorreu em São Paulo a etapa nacional do 5º Congresso da Juventude do PT. Com mais de 700 delegados eleitos nos diferentes Estados do país, o congresso aconteceu de forma híbrida, elegendo a nova direção nacional da JPT. A Juventude Revolução do PT esteve presente com seus delegados, eleitos sobre a tese “O que está em jogo no 5º Congresso da Juventude do PT?”.
Mesmo com diversas limitações políticas, principalmente devido à forma (online/híbrida) do congresso, nós estivemos presentes na defesa das emendas que apresentamos:
- sobre a política de alianças – retomado o que foi aprovado pelo próprio PT no 6º e 7 º congressos nacionais;
- não à federação com o PSB;
- Constituinte;
- desmilitarização da PM;
- Queremos estudar– defesa do retorno da luta nas entidades e pela retomada do ensino presencial com medidas de segurança;
- a luta nas ruas e
- autonomia da juventude.
A questão da Federação com o PSB
Das 7 emendas, 6 foram aprovadas em consenso. Apenas a que colocava o “não à federação com o PSB” não obteve consenso e nós a levamos a voto no plenário.
Assim como em todo o partido, há muita confusão na juventude sobre a federação. Alguns acham que é a mesma coisa que uma aliança eleitoral, outros acham que é apenas uma tática temporária que, após as eleições, acabará; com tudo voltando ao normal, e outros defendem que é um passo em defesa de uma frente de esquerda no país. É exatamente o contrário disso.
A federação é uma camisa de força que será colocada sobre nosso partido, impedindo que ele saia da mesma, pelos próximos quatro anos. Ao entrar em uma federação com o PSB, por exemplo, o PT, no dia após a aprovação da federação, estará em um mesmo bloco político com o PSB em todo o país. O PSB está longe de ser um partido de esquerda, está longe de ser um partido “socialista”, em diversos lugares o PSB é muito mais bolsonarista do que progressista. Em diversos estados e municípios, o PSB defende uma política completamente ao contrário de nós. A federação fará com que os vereadores petistas fiquem sufocados nesse bloco, o mesmo com deputados federais, estaduais e senadores.
É importante lembrar que, quando falamos de PSB, falamos sobre o PSB de Tábata Amaral, privatista, do Márcio França em São Paulo- sempre ligado aos setores de direita, entre outros. É o futuro do nosso partido que está em jogo. Uma proposta como essa deveria ser discutida em um Congresso do partido, com os militantes sendo consultados e ouvidos, não uma decisão de cúpula imposta ao PT, vinda do lavajatista ministro Barroso, que avança, mais ainda, num processo de judicialização da política..
Outro discurso que precisa ser combatido é o da defesa da construção da frente ampla de esquerda. Muitos usam exemplos como Uruguai e Chile para dizer que é esse o motivo das federações. Esse discurso é mentiroso e engana os militantes honestos que, querendo sair desta situação que o país se encontra, querem sim, um governo progressista que avance com as reformas que são necessárias no país.
A frente de esquerda no Uruguai nasceu após uma greve geral de 1973, que consolidou o Frente Amplio, que disputou as eleições no país e se cristalizou durante a clandestinidade. Essa greve geral, resistência dos trabalhadores, impôs a unidade entre os partidos de esquerda uruguaios. Ou seja, não era um acordo de cúpulas dos partidos, mas sim uma construção vinda do movimento vivo dos trabalhadores. Já a Concertación, usada sempre como exemplo, foi um acordo do Partido Socialista no Chile com o “centro”, a Democracia Cristã, que não se pretendia ser “frente de esquerda”. Esta unidade com todos esses setores representou, nos 30 anos de concertación, um grande avanço nos ataques sofridos pelos trabalhadores. Esses 30 anos de aliança pesaram, tanto que, nas explosões sociais do final de 2019, o PS não podia sair às ruas, rechaçado pela juventude que gritava “não são por 30 pesos, mas pelos 30 anos de alianças”… a aliança sem programa político, assim como uma federação com o PSB, teve sua experiência falida no Chile e não será diferente no Brasil.
É preciso explicar à juventude essas questões, para que não sejamos enganados. O partido precisa nos ouvir. Precisa ouvir seus militantes! Foi sobre esses argumentos que defendemos nossa proposta de não à federação com o PSB. O resultado nos impressionou!
Perdemos a votação. Porém, com votação apertada (43 a 66), com o plenário dividido, precisou de contagem dos crachás – um por um. Tivemos mais votos dos companheiros que acompanhavam online e uma parte significativa de votos aos que estavam presentes. É um resultado importante para a continuidade do combate.
Os votos online
Como o congresso era híbrido, alguns companheiros acompanharam de forma online. Presencialmente, estavam, majoritariamente, dirigentes dos quais também, recebemos alguns votos. A maioria dos que estavam online, militantes de base do partido, votou conosco, e isso mostra que temos um amplo terreno para desenvolver este combate.
Após nossa defesa, diversos militantes presentes no plenário gritavam “juventude petista não se alia com golpista”, alguns companheiros e companheiras vieram discutir conosco afirmando que, nunca tinham percebido a discussão sob a nossa ótica, que mudaram de posição ao ver a nossa defesa e alguns que, mesmo não votando com a gente, porque seus grupos haviam fechado posição, concordam conosco. A militância está confusa e quer ser ouvida, quer entender o que está acontecendo.
De nossa parte, como JRdoPT, defendemos nossas posições neste congresso e nos preparamos para 2022, um ano em que o combate deve seguir nas ruas para derrubada deste governo Bolsonaro.
Jeffei, da coordenação da JR do PT