Comunicado do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos sobre os terremotos na Síria e na Turquia

Um novo terremoto a abalou ontem (20/02) a fronteira entre Turquia e Síria. Com um tremor de magnitude 6,3 de 10, pelo menos mais 3 pessoas morreram e 213 ficaram feridas. Há mais de duas semanas os dois países enfrentaram terremotos devastadores.
O Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos, o qual o Diálogo e Ação Petista é aderente, lançou um comunicado expondo a situação que os dois países enfrentam o qual reproduzimos abaixo.

Solidariedade com os povos da Síria e da Turquia

Comunicado do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AcIT)

Mais de 140 mil vítimas, das quais 41 mil mortos, até hoje; cidades e aldeias totalmente devastadas; mais de 100.000 famílias deslocadas, porque ficaram sem abrigo e ameaçadas de morte; é este o balanço provisório do terremoto mais mortífero que atingiu, a 6 de Fevereiro, 10 províncias da Turquia e todo o Noroeste da Síria.

Todos temos acompanhado com horror as imagens de sobreviventes desbravando os escombros e a neve em busca de outros sobreviventes. São seres humanos que, muitos dentre eles, perderam a sua família, a sua habitação e se encontram em risco de morte, por falta de água potável, de higiene, de aquecimento ou de cuidados e medicamentos, morando em tendas improvisadas, com ajuda inacessível – nomeadamente na Síria –, desprovidos dos meios de intervenção e de salvamento elementares.

As imagens apocalípticas que deram e continuam a dar a volta ao mundo lembram a barbárie das guerras mundiais e da guerra em curso na Ucrânia, com o seu rol de destruições massivas. De fato, a ajuda internacional limitada dos governos à Síria não é apenas o reflexo da submissão ao embargo dos EUA, mas também das suas posições a respeito da guerra na Ucrânia.

Esta catástrofe humana e material decorre unicamente da fatalidade ou era evitável? Certamente a terra tremeu e não é a primeira vez, nomeadamente na Turquia. Os terremotos – tal como as erupções vulcânicas, os tornados ou os tsunamis – fazem parte da atividade da Natureza. Mas não era possível antecipar ou limitar os danos?

Arquitetos, engenheiros e peritos turcos afirmam ter havido empresas que foram autorizadas a construir prédios, casas e infraestruturas não conformes às normas de construção, nomeadamente anti-sísmicas, num país que conheceu numerosos terremotos, ainda recentemente.

Nós afirmamos: são responsáveis e culpados o imperialismo dos EUA e os seus supletivos, nomeadamente europeus, que mergulharam a Síria desde Março de 2011, numa guerra sangrenta de terrorismo internacional, que fez mais de 500 mil mortos e transformou 10 milhões de Sírios em refugiados. A Síria foi desmantelada, devido à guerra. Uma parte do Noroeste, atingida pelo terremoto mortífero está sob governo do regime de Bachar el-Assad, outra foi anexada de fato por Erdogan e na terceira parte estão amontoados refugiados do interior.

É culpada a Administração dos EUA que impôs um embargo criminoso ao povo sírio, martirizado há doze anos, e que, no quinto dia de terremoto e quando um medonho drama humano se desenrolava no Noroeste da Síria, decidiu hipocritamente – perante a subida das críticas e das expressões de cólera, inclusive nos próprios EUA – levantar parcialmente as sanções.

Às ordens do imperialismo dos EUA, o Banco Mundial ousou consagrar (desde o primeiro dia) 1,7 mil milhões de dólares de ajuda unicamente destinados à Turquia, tal como o fizeram igualmente vinte países da OTAN, que – reunidos de urgência – decidiram uma ajuda ao Governo turco, com o mais completo desprezo pelo horror na Síria.

O Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AcIT) partilha a cólera que cresce na Turquia contra os promotores imobiliários criminosos, mas sobretudo contra Erdogan e o seu Governo – acusado de cumplicidade com eles, de falta de antecipação e da chegada muito tardia dos socorros, da ajuda às vítimas e aos mortos.

Exprimindo a sua total solidariedade com as populações turcas e sírias vítimas da gestão criminosa das consequências do terremoto pelo imperialismo e os governos a seu soldo, o AcIT junta a sua voz à de milhões de mulheres e homens, em todos os continentes, que – horrorizados pela dimensão do desastre e indignados pela natureza criminosa da administração EUA e dos seus lacaios, nomeadamente europeus – se mobilizaram para levar ajuda popular às vítimas e exigir o levantamento sem condições das sanções contra a Síria.

Louisa Hanoune, Dominique Canut, co-coordenadores do AcIT

17 de Fevereiro de 2023