Declaração da Campanha por um único Estado democrático
O recente ataque lançado por Israel contra o Hamas já se arrasta há 13 dias com mais de 3.500 palestinos mortos. As vítimas dos ataques do Hamas contra Israel aproximam-se de 1.500. O número de feridos já são milhares.
É um genocídio brutal que se arrasta há décadas e demonstra o fracasso da “solução” dos 2 Estados, os Acordos de Oslo de 1993.
Manifestações de solidariedade ao povo palestino pipocam em todo o mundo. Abaixo, reproduzimos a Declaração da Campanha por um Único Estado Democrático. Um movimento organizado por ativistas, intelectuais e acadêmicos palestinos e judeus israelenses no início de 2018 na cidade de Haifa.
Declaração da Campanha por um único Estado democrático* 15 de outubro
Parem o genocídio em Gaza!
O povo palestino de Gaza está sofrendo uma campanha de genocídio por parte dos seus carcereiros israelenses. Confinar dois milhões e meio de pessoas numa área minúscula (tornada ainda menor pela ordem do exército israelense de deslocar metade dos habitantes de Gaza para o sul), cortar toda a alimentação, água, eletricidade e medicamentos, deixar morrer os doentes nos hospitais e os idosos, declarar que “todos os habitantes de Gaza são do Hamas”, tornando assim as crianças alvos legítimos, bombardear em tapete durante dias para “amaciar” o terreno e depois invadir com um exército de 360 mil soldados – tudo isto corresponde precisamente à definição de genocídio dada pelas Nações Unidas: “a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso enquanto tal”.
Até este momento, Israel lançou cerca de 8 mil bombas em Gaza, ou seja, mais do que os Estados Unidos lançaram no Afeganistão em um ano! Destruiu cerca de 4 mil alvos, arrasando áreas residenciais inteiras, hospitais e escolas. Mais de 2 mil e 500 habitantes de Gaza foram mortos, sendo um terço deles crianças. Um milhão de palestinos, a maioria refugiados de 1948, voltaram a ser refugiados, deslocados à força, mas sem nenhum refúgio para se abrigar.
E nós esperamos o pior a qualquer momento: a invasão terrestre maciça por parte de Israel. “Estamos apenas no início”, Netanyahu declarou de forma ameaçadora. Estamos assistindo à destruição de um povo diante dos nossos olhos, com o apoio militar e diplomático maciço dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa. O mundo é governado por criminosos de guerra.
A brutal ofensiva israelense não é um simples ato de vingança contra o Hamas, mas uma campanha genocida que visa nada menos do que expulsar a população de Gaza para perpetuar a sua colonização de toda a Palestina. Trata-se de uma campanha para aniquilar toda forma de resistência. Israel se opôs a qualquer tentativa de solução justa, inclusiva e democrática entre os nossos povos. Apenas tem procurado, de forma sistemática e implacável, estender o seu regime de apartheid do rio ao mar.
Os palestinos nunca estiveram em guerra com os judeus; eles resistiram a um projeto colonial unilateral de colonização cujo objetivo declarado é a tomada de sua pátria, a transformação da Palestina em Israel e o apagamento do povo palestino, da sua cultura e da sua herança. Tal como na luta de libertação de outros povos colonizados, os palestinos foram forçados pelo sionismo/Israel a lutar por seus direitos nacionais e pela sua liberdade.
Nós, os povos do mundo, devemos agora expressar nossa solidariedade para com os palestinos de Gaza. Não esqueçamos, no entanto, os palestinos de toda a Palestina histórica que, neste momento, também enfrentam limpeza étnica e uma repressão impiedosa: 50 palestinos da Cisjordânia foram mortos, principalmente por colonos, só na semana passada.
É urgente lançarmos um apelo aos nossos governos, cúmplices destes crimes contra a humanidade:
– Parem o ataque terrestre de Israel sobre Gaza!
– Parem a expulsão dos habitantes de Gaza, a segunda Nakba!
– Ajuda humanitária imediata!
– Fim da colonização israelense e do apartheid!
– Pela liberdade dos palestinos! – Por um Estado democrático para todos!
* A Campanha por um único Estado democrático é da iniciativa de:
Awad Abdelfattah, coordenador da Campanha por um só Estado;
Haidar Eid, professor de literatura em Gaza;
Ilan Pappé, historiador;
Jeff Halper antropólogo residente em Jerusalém;
Ramzi Baroud, redator do site Palestinian Chronicle;
Haim Bresheeth, fundador da Jewish Network for Palestine (Rede Judaica pela Palestina);
Eitan Bronstein, cofundador do De-Colonizer.